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As Catacumbas Cristãs

por Ernesto Arosio


Catacumba de São Calixto - Roma - galeria com os loculos, pequenos locais destinados ao sepultamento individual

As catacumbas são antigos cemitérios subterrâneos, utilizados durante os tempos do Império romano, entre o segundo e o quinto século da Era Cristã. Foram também encontradas catacumbas em Nápoles, na Sicília e até no norte da África, mas as mais conhecidas se localizam em Roma, surgidas em conseqüência de um Edito Imperial que proibia o sepultamento dos mortos dentro do perímetro urbano.

Em vista de tal proibição, os cidadãos romanos e, mais tarde os cristãos, construíram seus cemitérios ao longo das grandes estradas, chamadas consulares, fora dos muros da cidade. Os cristãos preferiam sepultar seus mortos nas galerias subterrâneas das catacumbas. Eis as maiores: catacumba de São Sebastião, de Priscila, de São Calixto, de Domitila, de São Pancracio, de São Lorenzo e de Santa Inês.

Algumas denominações se referiam ao nome do mártir aí sepultado; outras, designavam a área geográfica; outras, ainda, recebiam o nome do proprietário do referido terreno. As catacumbas eram lugares onde os primeiros cristãos celebravam, ocasionalmente, a Eucaristia, mas não consta que foram usadas normalmente de esconderijos em vista das perseguições. Excepcionalmente, transformavam-se em refúgios temporários, já que seus inúmeros túneis sinuosos formavam um verdadeiro labirinto.

Elas chegavam a ter, às vezes, dezenas de quilômetros em diversos pisos subterrâneos, como a de Domitila, com a extensão de 15 quilômetros. Algumas estão abertas aos visitantes; outras, em reparos, devido aos desmoronamentos das galerias durante os vinte séculos de existência. Tais cemitérios subterrâneos, saqueados e violados durante e após as invasões bárbaras e pelos devotos em busca de relíquias dos mártires, foram em seguida abandonados. De alguns, perdeu-se até a localização. Vários foram redescobertos e estudados a partir de 1600 e, uma vez examinados com minúcia, tornaram-se concorridos locais de visitação pública e piedoso recinto de veneração.


As catacumbas: relíquia de mártires cristãos


Peixe eucarístico na catacumba de São Calixto - Roma

O Bom Pastor na cripta de Lucina na catacumba de São Calixto

Nossa Senhora e o menino e o profeta Balaam na catacumba de Priscila

Nossa Senhora e o menino na catacumba de Comodila

As catacumbas são formadas por longos túneis, em cujas paredes foram cavados os loculos, ou nichos retangulares, superpostos, suficientemente espaçosos para abrigar um ou mais cadáveres, envolvidos em mortalha ou num simples lençol. Não se usavam caixões. Os loculos eram fechados com argamassa, tijolos ou com uma placa de mármore, onde se escrevia o nome do falecido. Alguns ostentavam grafites simbólicos com votos de paz na eternidade. Os cristãos, como demonstram as inscrições das lápides, sempre acreditaram na ressurreição dos mortos. Sepultando seus mortos, repudiavam a cremação dos cadáveres, um procedimento comum na Roma Imperial.

As catacumbas são de extrema importância porque nos revelam, desde os primeiros decênios do cristianismo, qual era a crença dos cristãos após a morte, que era chamada “dies natalis”, dia do nascimento. Os loculos formavam uma espécie de dormitório, chamado “cemitério” ou “lugar do repouso”. Além dos loculos, as catacumbas continham os cubículos, pequenas salas que abrigavam vários nichos, muitas delas com afrescos ou mosaicos, e as criptas, salas maiores, com a função de pequenas igrejas subterrâneas. As criptas eram mais solenes e embelezadas com um altar, pinturas e mosaicos. Em geral, eram preparadas para receber o cadáver de um mártir ilustre.

A escavação dos túneis era feita à mão por associações de trabalhadores chamados fossores. A terra, retirada através de poços que chegavam à superfície, também servia para arear as galerias. Os símbolos eram sinais ou a descrição gráfica de um tema espiritual, entendido somente pelos cristãos. Entre muitos, desenhados, grafitados ou pintados, foram encontrados: o desenho do Orante, uma pessoa com braços abertos em sinal de oração; a figura do bom Pastor, com sua ovelha no ombro simbolizando o Cristo; uma pomba, símbolo da alma e da paz divina; as letras gregas Alfa e Ômega, significando que Cristo é o começo e o fim da criação; o peixe, cujas letras gregas significam “Cristo, Filho de Deus, Salvador”,... e outros mais.

As pinturas celebram fatos da Bíblia. Na catacumba de Priscila há uma pintura de Maria com o Menino no colo; supostamente o primeiro registro iconográfico da Mãe de Jesus. Lá também se encontram: a adoração dos magos, a barca de Pedro, a celebração da Eucaristia, alguns milagres de Cristo e outros desenhos. Eles são as mais antigas representações dos evangelhos, desenhados de maneira singela, facilmente compreensível para os primeiros cristãos, muitos dos quais eram analfabetos e impedidos de entender as Sagradas Escrituras. Tais cemitérios são os documentos e arquivos da Igreja primitiva e, por isso, eles têm extraordinária importância como demonstração de que o núcleo da nossa fé – na Igreja de hoje – é o mesmo dos primeiros cristãos que pagaram até com o martírio a sua entrega a Cristo.



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