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Eu sou a Ressurreição e a Vida

Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, mesmo que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá para sempre. Crês nisto? Marta respondeu-lhe: Sim, ó Senhor; eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo.  



O Testamento Espiritual do Pe. Stefano Gobbi




Queridos amigos,                    

No dia 29/junho/2011, quarta feira, Festa de São Pedro e São Paulo, as 15 hrs, faleceu no hospital em Milão, o nosso querido Pe Gobbi!
Tive a graça de encontrar-me com ele dia 19/junho, antes dele ser internado no hospital e de falar com ele quando estava internado. Na quarta-feira dia 22/junho, ele me disse ” Nossa Senhora vai vir me buscar para me levar ao céu, assim como Ela veio buscar a Jacinta de Fátima, que morreu sozinha no hospital”. Todos acreditávamos no milagre, que ele sairia bem, mas a sua hora chegou e como ele escreveu na sua circular de 01/Jan/2011…”Mas este ano aconteceu um fato extraordinário: dia 12 de Maio aqui na Cova da Iria, diante de Ti, o Santo Padre Bento XVl consagrou ao teu Coração Imaculado a todos os Sacerdotes do mundo. Então, com esta consagração, parece quase que a minha missão tenha terminado e o meu caminho tenha acabado.”
Agora que todos estamos consagrados ao Coração Imaculado de Maria, se inicia para todos nós, um novo itinerário mais importante: o de viver a consagração! O Pe. Gobbi pode agora nos ajudar ainda mais a viver essa consagração como Jesus e Nossa Senhora querem.
Seu corpo foi levado para Collevalenza (perto de Assis-Itália) onde estávamos reunidos em uma semana de exercícios espirituais com 300 Sacerdotes e Bispos do Movimento Sacerdotal Mariano do mundo inteiro. 
Celebrou a missa de corpo presente o Cardeal Ivan Dias, membro do Movimento Sacerdotal Mariano desde 1.974! Ele nos falou na homilia da clara atuação da Divina Providência, ao permitir que o seu falecimento ocorresse na festa do Papa, festa de São Pedro e São Paulo, no meio do nosso retiro anual, onde todos puderam juntos rezar por ele, com tanta intensidade e amor. No dia seguinte ele teve um encontro com o Santo Padre que ao saber da notícia disse “Ele foi direto para o céu”, o que nos deu grande alegria e consolação!
Agora todos nos perguntamos, o que fazer sem o Pe. Gobbi entre nós?
Devemos continuar a fazer os nossos cenáculos e viver a consagração ao Coração Imaculado de Maria, como Nossa Senhora nos ensina no livro azul “Aos Sacerdotes, Filhos Prediletos de Nossa Senhora”, para que possamos ser os instrumentos do triunfo do Seu Coração Imaculado no mundo, como Ela tanto deseja!

Como nos orientou o Pe. Gobbi na sua Circular de 01/01/2011:
“A meta a que conduz o caminho da consagração vivida ao Coração Imaculado de Maria é a de conseguir amar Jesus com o seu ardor, a imitá-lo com a sua fidelidade e a revivê-lo passando através do caminho do seu amor materno”.
Desta maneira Jesus pode viver em cada um de nós e a força do seu divino Amor nos consuma em uma perfeita unidade. Então se realiza o mistério da nossa identificação com Ele.
O meu corpo no teu Corpo; o meu sangue no teu Sangue; a minha alma na tua Alma; o meu espírito no teu Espírito; o meu coração no teu Coração; a minha mente na tua Mente; a minha inteligência na tua Inteligência; a minha vontade na tua Vontade; a minha liberdade na tua Liberdade.

Para cada um de nós se cumpre a mesma experiência feita por São Paulo: ” Para mim o viver é Cristo e morrer é lucro, porque vou para ficar com Ele”(Filipenses 1, 21).”
(Carta circular do Pe Gobbi de 1/1/2011).

O Pe. Gobbi foi para ficar com Jesus por toda a eternidade, mas antes nos deixou o seu testamento espiritual, que é belíssimo:

Meu Testamento Espiritual
          Ave Maria
Milão, 1/Janeiro/2011
Primeiro sábado do mês e do ano

Aceito a morte como e quando o Senhor quiser, repetindo no Coração Imaculado de Maria o meu Sim à Vontade Divina.
Deixo como meu testamento espiritual tudo o que está escrito no livro “Aos Sacerdotes filhos prediletos de Nossa Senhora”, e atesto que as mensagens lá contidas foram recebidas por mim sob forma de locuções interiores.
Em espirito de agradecimento ao Senhor e a Nossa Senhora, depois da Santa Missa, peço que todos cantem o Magnificat…
Peço um funeral muito simples: no lugar das flores, peço que se façam obras de caridade. Desejo ser sepultado em Dongo, no Santuário de Nossa Senhora das Lágrimas, aos pés do altar do Crucifixo. Se isso não fosse possível, peço uma sepultura provisória na capela do clero no cemitério de Dongo.
Como lhe consagrei cada momento da minha vida, assim consagro ao Coração Imaculado de Maria o momento da minha passagem da terra ao céu e do tempo para a eternidade.
 Agradeço a todos pelo bem recebido. Peço perdão a quem eu tivesse involuntariamente ofendido.
 A todos os membros do Movimento Sacerdotal Mariano e do Movimento Mariano, prometo uma minha especial proteção e uma ajuda particular do Paraiso, onde confio entrar pela misericórdia do Senhor e com a ajuda da vossa oração.
Saúdo-vos na espera de encontrá-los todos sob o manto glorioso da Rainha de todos os Santos e abençoo-vos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amem.
O Sacerdote, Padre Stefano Gobbi”.

Portanto devemos continuar a fazer os nossos cenáculos, especialmente os familiares, com entusiasmo e alegria, sabendo que Jesus e Nossa Senhora vão estar sempre ao nosso lado e o nosso querido Pe. Gobbi sempre intercedendo por nós como ele prometeu no seu testamento espiritual!
  
Unidos em oração nos Corações de Jesus e Maria,

Otavio Piva de Albuquerque 


Família: Berço das vocações !!!

 

Hoje, quando celebramos Santa Ana e São Joaquim, os avós de Jesus,  deixamos este texto do Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar do Porto sobre como a Família é a grande geradora das vocações: 

1. O que é a vocação?
Às vezes, andamos tão distraídos ou absorvidos que até esquecemos que somos filhos de Deus. Pois é, cada um de nós é fruto dum acto voluntário de amor, único e irrepetível. Esse amor criador de Deus faz de cada um de nós uma pessoa diferente de qualquer outra, com talentos próprios. E para cada um de nós Deus tem um projecto muito claro: Deus quer que sejamos felizes, já nesta vida terrena, pondo a render os talentos que nos dá!
Quem toma plena consciência deste amor pessoal, único, gratuito, de Deus, só consegue ter uma resposta: amar a Deus vivendo na descoberta e concretização desse projecto, numa entrega confiante, na certeza de que Deus só pede aquilo que somos capazes de dar. Perceber que Deus nos criou por amor e nos criou para amar, e actuar de acordo com esta certeza, é que se chama vocação. Por isso não podemos ter medo de perguntar:

Senhor, que queres que eu faça?
Quem vive nesta entrega confiante torna-se uma presença que interpela, que leva os outros a interrogar-se e a querer viver também a mesma felicidade. Somos felizes na medida em que percebemos que somos vocação e o nosso viver manifesta o amor criador de Deus. Assim uma igreja de vocacionados torna-se pró-vocação, ajudando mais pessoas a descobrir o que Deus deles espera. E a diversidade de projectos e de descobertas pessoais, ligada pela comunhão que gera a participação do mesmo e único Amor, faz a Igreja mais viva, activa, presente no mundo, na multiplicidade de vocações que o Senhor suscita.

2. O matrimónio como vocação
O matrimónio não é uma vocação menor ou uma não-vocação, uma espécie de destino inexorável para aqueles a quem Deus não chama à vida consagrada. O matrimónio é uma vocação plena de dignidade – quem a acolhe é sinal do amor de Deus:

- Na diferença e na complementaridade homem-mulher, marido e esposa abrem-se um ao outro, e assim manifestam que a singularidade de cada pessoa não a isola, antes a enriquece porque o que tem para dar é único – “quanto mais te dou, tanto mais tenho”.
- Como gerador de novas vidas, o casal torna-se colaborador do amor criador de Deus; se um filho é o que há de mais profundamente nosso, é também o que há de mais recebido – dom de Deus – e, como tal, não tanto um direito ou propriedade dos pais mas sobretudo um presente que se acolhe com alegria.
- No acolhimento da identidade própria de cada filho, na sua educação – que deve ser o processo permanente de conduzir o filho para o Pai, ajudando-o a fazer render os talentos recebidos – mãe e pai fazem transparecer o carácter singular de cada homem aos olhos de Deus.
- O serviço à família e à comunidade – entre os pais e destes para os filhos, mas também numa progressiva orientação dos filhos para que cooperem na vida familiar e para que sejam atentos às necessidades da comunidade em que vivem – vai testemunhando que amar à maneira de Deus é dar sem nada esperar em troca e que no reino de Deus todos temos tarefa a desempenhar.
- O dia-a-dia da família – sucessos e desânimos, alegrias e tristezas, progressos e provações – faz perceber que a vida é caminhada, é esforço, é entrega continuada; amar não é coisa de momento, é atitude permanente.
Nestes tempos de cultura do efémero, em que se fala muito de direitos e pouco de deveres e de compromissos, importa que os casais reflictam muito na grandeza da sua vocação matrimonial: aquele que casa reconhece-se incompleto, precisa do seu cônjuge e ao mesmo tempo sabe que é também preciso, aceita ser cooperador de Deus na geração de novas vidas, percebe que é dando que se recebe, compreende o carácter permanente do amor, e assim se torna sinal visível do amor de Deus.
Cada vez menos se pode aceitar que casar na Igreja possa ser apenas uma prática social, porque “é costume”, “os meus pais também casaram aqui” ou até porque as fotografias ficam com um enquadramento mais bonito. Casar na Igreja tem de ser um acto consciente, uma afirmação de Fé e o assumir, perante a comunidade, a vocação de ser “uma só carne”.
Ao falarmos de Matrimónio, falamos de um sacramento, isto é, de um sinal revelador duma manifestação de Deus. É interessante pensar num aspecto singular do Matrimónio: quem recebe este sacramento é ao mesmo tempo seu ministro, ou seja, cada um dos noivos administra ao outro o sacramento, sendo o sacerdote ou diácono testemunha desse acto em nome da Igreja. Faz todo o sentido que assim seja, se pensarmos que pelo Matrimónio os esposos se reconhecem complementares e se assumem como testemunhas do amor de Deus, cada um para o outro e em casal para a comunidade.
O Matrimónio é também sinal do Deus Criador, fonte de toda a vida. A fecundidade conjugal, traduzida na geração de novas vidas – os filhos – é a mais evidente manifestação desse amor criador. Ser pais, de forma consciente e responsável, é colaborar na obra da Criação, é reconhecer-se como co-criadores e, ao mesmo tempo, como agraciados com um presente único por parte de Deus. Daí que não faça sequer sentido falar-se em sacramento do Matrimónio se houver da parte dos noivos vontade expressa de não ter filhos. Diferente é a situação daqueles casais que não podem ter filhos e que são igualmente fecundos, num amor generoso ao serviço da comunidade e(ou) através da adopção de uma ou mais crianças.
O Matrimónio é ainda sinal de que o amor de Deus é eterno. Deus é fiel, ama-nos sempre e em quaisquer circunstâncias, e por isso também o amor entre os esposos tem carácter permanente e exclusivo, supõe a indissolubilidade e a fidelidade. Com mais ou menos obstáculos, a vida do casal tem de ser imagem da caminhada de amor que é a relação de Deus com cada um dos Seus filhos.

3. A família como geradora de vocações
A vocação matrimonial é por natureza fecunda, geradora de novas vidas, e os cônjuges, ao assumirem a responsabilidade de serem pai e mãe, tornam-se colaboradores de Deus na obra da Criação. Esta responsabilidade não se esgota no momento da concepção ou do nascimento, é para toda a vida, ou seja, nunca deixamos de ser pais!
Ao aceitarmos o chamamento de Deus para sermos pais, aceitamos também ser educadores. Educar é, em primeiro lugar, conhecer bem os nossos filhos, perceber que eles são dom de Deus e que Deus deu a cada um talentos diferentes. Importa reconhecer esses talentos e pô-los a render! Educar é então acompanhar activamente o desabrochar e o florescer dos talentos de cada filho, de forma que possamos um dia dizer: “Aqui tens, Senhor, o que me confiaste”! Isto é bem diferente de impor aos filhos as nossas opções, de forçar a que sejam o que nós mesmos ambicionámos mas não pudemos ou não conseguimos!
Educar não é fazer os filhos à nossa imagem e semelhança, é guiá-los para que sejam imagem e semelhança de Deus! Não é abrigá-los obsessivamente debaixo das nossas asas protectoras, é ensiná-los a voar em liberdade! Não é tanto mandar, é muito mais ouvir, compreender, testemunhar, orientar.
Sendo assim, importa que os pais proponham aos filhos todos os caminhos de realização vocacional: o sacerdócio, a consagração, o matrimónio ou outra vocação laical. Se a família é a primeira a excluir a possibilidade de um filho optar por uma vocação consagrada, terá de se interrogar muito a sério sobre a autenticidade da sua fé.
Onde os cristãos o são por hábito ou tradição e não por assumirem a sua vocação baptismal, não é fácil que possam surgir vocações consagradas! Onde o prestígio social e a riqueza, o culto do sucesso e do imediato, são valores mais altos do que a doação desinteressada ou o espírito de missão e de entrega, não há espaço para a vocação sacerdotal. Se nas famílias não há lugar para a atenção ao outro, para a oração, para o primado de Deus, para ser “igreja doméstica”, como pode um filho sentir-se interpelado à consagração no sacerdócio ou na vida religiosa?
Na coerência de comportamentos e atitudes dos pais, no amor-doação que forem percebendo, no acolhimento que sentirem pelas opções conscientes que forem fazendo, os filhos vão sendo educados, vão tomando consciência da sua individualidade e do lugar único que Deus tem para eles.
Ser pais por vocação é guiar os filhos na descoberta e no amadurecimento da sua própria vocação!

A Missão dos Sacerdotes

   Tenho sede. Estou sedento pela salvação das almas. Ajuda-Me, Minha filha, a salvar as almas. Une teus sofrimentos à Minha Paixão e oferece-os ao Pai.
(Santa Irmã Faustina)






Eu vos amo, meu Deus, de todo o coração e sobre todas as coisas, porque sois infinitamente bom e amável, e a nossa eterna felicidade. Por vosso amor, amo o meu próximo como a mim mesmo e perdôo as ofensas recebidas. Senhor, que eu te ame sempre mais. 
( Madre Tereza de Calcutá)




Adoração, Reparação, Maternidade Espiritual pelos Sacerdotes

Há realmente muitas coisas a serem feitas para o verdadeiro bem do Clero e para a fecundidade do ministério pastoral nas circunstâncias actuais, mas, exactamente por isso, mesmo com o firme propósito de enfrentar essas dificuldades e essas fadigas, cientes de que o agir sucede ao ser e que a alma de cada apostolado é a intimidade com Deus, pretende-se iniciar um movimento espiritual que, favorecendo uma consciência cada vez maior da ligação ontológica entre Eucaristia e Sacerdócio e da especial Maternidade de Maria em relação a todos os Sacerdote, dê vida a uma corrente de adoração perpétua, para a reparação das faltas e para a santificação dos clérigos, e a um novo empenho das almas femininas consagradas para que, inspirando-se na tipologia da Virgem Maria, Mãe do Sumo e Eterno Sacerdote e associada, de modo singular, à sua obra de Redenção, queiram adoptar espiritualmente sacerdotes para os ajudar com a oferta de si, a oração e a penitência.
Segundo o dado constante da Tradição, o ministério e a realidade da Igreja não se reduzem à estrutura hierárquica, à liturgia, aos sacramentos e aos ordenamentos jurídicos. De facto a natureza íntima da Igreja e a origem primeira da sua eficácia santificadora, devem ser procuradas na mística união com Cristo. A doutrina, e a própria estrutura da constituição dogmática Lumen Gentium, afirmam que esta união não pode ser imaginada separada da Mãe do Verbo Encarnado, Aquela que Jesus quis intimamente unida a Si para a salvação de todo o género humano. Não é casual, portanto, que no mesmo dia em que era promulgada a constituição dogmática sobre a Igreja – 21 de Novembro de 1964 -, Paulo VI proclamasse Maria “Mãe da Igreja”, ou seja, mãe de todos os fiéis e de todos os pastores.
O Concílio Vaticano II – referindo-se à Bem-Aventurada Virgem – assim se expressa: “…Concebendo, gerando e alimentando a Cristo, apresentando-O ao Pai no templo, padecendo com Ele quando agonizava na cruz, cooperou de modo singular, com a sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural. É por esta razão nossa mãe na ordem da graça.” (LG n 61). 
 Sem nada acrescentar ou tirar à única mediação de Cristo, a sempre Virgem é reconhecida e invocada, na Igreja, com títulos de Advogada, Auxiliadora, Socorro e Medianeira; Ela é o modelo do amor materno que deve animar todos os que cooperam, através da missão apostólica da Igreja, na regeneração da inteira humanidade (cfr LG n 65).
À luz destes ensinamentos que são parte da eclesiologia do Concílio Vaticano II, os fiéis, dirigindo o olhar para Maria – exemplo fúlgido de toda virtude -, são chamados a imitar a primeira discípula, a mãe, à qual foi confiado, em João – aos pés da cruz (cfr Jo 19, 25-27) –, cada discípulo, e assim, tornando-se seus filhos, aprendem com ela o verdadeiro sentido da vida em Cristo.
Desta forma – e exactamente a partir do lugar ocupado pela Virgem Santíssima e do papel por Ela desenvolvido na história da salvação – pretende-se, de maneira muito especial, confiar a Maria, a Mãe do Sumo e Eterno Sacerdote, cada Sacerdote, suscitando, na Igreja,
Maria, Mãe do Único, Eterno e Sumo Sacerdote, abençoe esta iniciativa e interceda, junto de Deus, pedindo uma autêntica renovação da vida sacerdotal a partir do único modelo possível: Jesus Cristo, Bom Pastor!
 “Rogai ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe” 
Isto significa que a messe existe, mas Deus quer servir-se dos homens, a fim de que ela seja levada ao celeiro. Deus necessita de homens. Necessita de pessoas que digam: Sim, eu estou disposto a tornar-me seu trabalhador na messe, estou disposto a ajudar para que esta messe, que está a amadurecer nos corações dos homens, possa realmente entrar nos celeiros da eternidade e se tornar perene comunhão divina de alegria e de amor.
“Rogai ao Senhor da messe”! Isto quer dizer também: não podemos simplesmente “produzir” vocações, elas devem vir de Deus. Não podemos, como talvez noutras profissões, por meio de uma propaganda bem visada, através das chamadas estratégias adequadas, simplesmente recrutar pessoas. A chamada, partindo do coração de Deus, deve sempre encontrar o caminho rumo ao coração do homem. E no entanto, exactamente para que chegue aos corações dos homens, é necessária também a nossa colaboração. Rogar ao senhor da messe significa certamente, antes de mais nada, rezar por isso, sacudir o coração e dizer: “Faça-o, por favor! Desperte os homens! Acenda neles o entusiasmo e a alegria pelo Evangelho! Faça-os entender que este é o mais precioso de todos os tesouros e que quem o descobriu deve transmiti-lo!” 
Nós sacudimos o coração de Deus. Mas o rogar a Deus não se realiza somente mediante palavras de oração; implica também na transformação da palavra em acção, para que o nosso coração rogador lance a faísca da alegria em Deus, da alegria pelo Evangelho, e suscite noutros corações a disponibilidade a dizer um “sim”.
 Como pessoas de oração, repletas da Sua luz, atingimos os outros e, envolvendo-os na nossa oração, fazemos com que entrem na luz da presença de Deus, que fará então a sua parte. Neste sentido queremos sempre e novamente rogar ao Senhor da messe, sacudir o seu coração e tocar com Deus, na nossa oração, também os corações dos homens para que Ele, segundo a sua vontade, faça amadurecer neles o “sim”, a disponibilidade e a constância – através de todas as confusões do tempo, através do calor do dia e também através da escuridão da noite – de perseverar fielmente no serviço, haurindo continuamente dele a consciência de que, embora fadigoso, este esforço é bom, é útil porque conduz ao essencial, ou seja, a fazer com que os homens recebam o que esperam: a luz de Deus e o amor de Deus. BENTO XVI
Maternidade Espiritual para os Sacerdotes 

A vocação de ser mãe espiritual para os sacerdotes é muito pouco conhecida, insuficientemente compreendida e portanto pouco vivida, apesar da sua vital e fundamental importância. Esta vocação muitas vezes está escondida, invisível ao olho humano, mas voltada a transmitir vida espiritual. Disto tinha a certeza o Papa João Paulo II: por isso ele quis no Vaticano um mosteiro de clausura onde fosse possível rezar pelas suas intenções como sumo Pontífice.
 “O que me tornei e como, o devo- à minha mãe !”  Santo  Agostinho
Independentemente da idade e do estado civil, todas as mulheres se podem tornar mãe espiritual de um sacerdote e não somente as mães de família. É possível também a uma mulher doente, a uma jovem solteira ou a uma viúva. Em particular isto vale para as missionárias e as religiosas que oferecem inteiramente a própria vida a Deus para a santificação da humanidade. João Paulo II agradeceu até mesmo a uma menina pela sua ajuda materna: “Exprimo a minha gratidão também à beata Jacinta de Fátima pelos sacrifícios e orações oferecidas pelo Santo Padre, que ela tinha visto em grande sofrimento” (13-5- 2000)
Cada sacerdote é precedido por uma mãe, que amiúde também é uma mãe de vida espiritual para os seus filhos. Giuseppe Sarto, o futuro Papa Pio X, logo após ser consagrado bispo foi visitar a sua mãe, na época com setenta anos de idade. Ela beijou respeitosamente o anel do filho e de repente, tornando-se pensativa, indicou o seu pobre anel nupcial de prata: “Sim, Peppo, mas tu agora não estarias a usar esse anel se eu antes não tivesse usado o meu anel nupcial”. S. Pio X, justamente, confirmava a partir da sua experiência: “Cada vocação sacerdotal vem do coração de Deus, mas passa através do coração de uma mãe!”.
Uma óptima prova disto é a vida de S. Mónica. Santo Agostinho, seu filho, que aos dezenove anos como estudante em Cartago havia perdido a fé, escreveu nas suas ‘Confissões’:
“… Tu estendeste a tua mão do alto e tiraste a minha alma destas densas trevas, pois a minha mãe, tua fiel, chorava por mim mais do que choram as mães pela morte física dos filhos
… e no entanto, aquela viúva casta, devota, das que são tuas predilectas, já mais animosa graças à esperança, mas nem por isso menos dada ao pranto, não cessava de chorar frente a ti, em todas as horas de oração”. Após a conversão ele disse com gratidão:
“A minha santa mãe, tua serva, nunca me abandonou. Ela deu-me à luz com a carne para a vida temporal e com o coração para a vida eterna. O que me tornei e como, o devo à minha Mãe!”.
Durante as suas discussões filosóficas, Santo Agostinho queria sempre que a sua mãe estivesse ao seu lado; ela escutava atentamente, às vezes intervinha com um parecer delicado ou, para assombro dos sábios presentes, dava respostas a questões abertas. Portanto não surpreende que Santo Agostinho se declarasse seu ‘discípulo em filosofia’!
 O sonho de um Cardeal
O cardeal Nicolau Cusano (1401-1464), bispo de Bressanone, não foi somente um grande político da Igreja, famoso legado papal e reformador da vida espiritual do clero e do povo no século XV, mas também um homem do silêncio e da contemplação. Num “sonho” foi-lhe mostrada aquela realidade espiritual que ainda hoje vale para todos os sacerdotes e para todos os homens: o poder do abandono, da oração e do sacrifício das mães espirituais no segredo dos conventos.
Mãos e corações que se sacrificam
“… Ao entrar numa igreja pequena e muito antiga, decorada com mosaicos e frescos dos primeiros séculos, o cardeal teve uma visão imane. Milhares de religiosas rezavam na pequena igreja. Elas eram tão gráceis e recolhidas que havia lugar para todas, apesar da comunidade ser numerosa. As irmãs rezavam e o cardeal nunca tinha visto rezar tão intensamente. Elas não estavam de joelhos, mas firmes em pé, o olhar não longínquo, porém fixo num ponto próximo a ele e no entanto invisível aos seus olhos. Os braços das irmãs estavam abertos e as mãos viradas para o alto, numa posição de oferecimento”.
O incrível desta visão é que as irmãs seguravam nas suas pobres e delicadas mãos homens e mulheres, imperadores e reis, cidades e países. Às vezes as mãos apertavam-se ao redor de uma cidade; outras vezes um país, reconhecível pelas bandeiras nacionais, estendia-se sobre uma muralha de braços que o sustentavam. Nestes casos também em volta de cada rogadora expandia-se um halo de silêncio e discrição. A maioria das religiosas, porém sustentava com as mãos um só irmão ou irmã. Nas mãos de uma jovem e frágil monja, quase uma menina, o cardeal Nicolau viu o papa. Percebia-se quanto a carga pesasse sobre ela, mas seu rosto brilhava de felicidade. Sobre as mãos de uma idosa freira estava ele próprio, Nicolau Cusano, bispo de Bressanone e cardeal da Igreja romana. Ele reconheceu claramente a si mesmo com suas rugas e com os defeitos de sua alma e de sua vida. Observava tudo com olhos arregalados e assustados, mas logo ao susto substituiu-se uma indescritível beatitude. O guia, que estava ao seu lado, murmurou-lhe: “Veja como apesar dos seus pecados, são ajudados e suportados os pecadores que não deixaram de amar a Deus!”. O cardeal perguntou: “O que acontece então aos que não amam?” Repentinamente, sempre acompanhado pelo sua guia, encontrou-se na cripta da igreja, onde rezavam outras milhares de freiras.
Enquanto aquelas vistas precedentemente sustentavam as pessoas com as suas mãos, estas na cripta sustentavam-nas com os seus corações. Estavam profundamente envolvidas, pois tratava-se do destino eterno das almas. “Veja, Eminência”, disse o guia: “assim são suportados aqueles que deixaram de amar. Algumas vezes acontece que se aquecem com o calor dos corações que se consomem por eles, mas nem sempre. Às vezes, na hora da morte, passam das mãos daqueles que ainda os querem salvar para as mãos do Juiz divino, com quem devem justificar-se inclusive pelo sacrifício que lhes foi oferecido. Nenhum sacrifício fica sem frutos, mas quem não colhe o fruto que lhe foi oferecido, amadurece o fruto da ruína”. O cardeal fitou as mulheres vítimas voluntárias. Ele sempre soubera de sua existência. Nunca porém havia percebido com tanta clareza o que elas significavam para a Igreja, para o mundo, para os povos e para cada indivíduo; somente agora, confuso, compreendia. E curvou-se profundamente perante as mártires do amor. 
Eliza Vaughan 
É uma verdade evangélica que as vocações sacerdotais devem ser pedidas com a oração. Evidencia-o Jesus no evangelho quando diz: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a sua messe!” (Mt 9,37-38).
Oferece-nos um exemplo muito significativo a inglesa Eliza Vaughan, mãe de família e mulher dotada de espírito sacerdotal, que rezou muito pelas vocações
Eliza provinha duma família protestante, a dos Rolls, que sucessivamente fundou a indústria automobilística Rolls-Royce, mas quando jovem, durante a sua permanência e educação na França, havia ficado muito impressionada pelo exemplar empenho da Igreja católica para com os pobres. No verão de 1830, após o casamento com o coronel John Francis Vaughan, Eliza, apesar da forte resistência dos seus parentes, converteu-se ao catolicismo. Havia tomado esta decisão com convicção e não somente por ter entrado a ser parte de uma famosa família inglesa de tradição católica. Os antepassados Vaughan, durante a perseguição dos católicos ingleses sob o reinado de Elisabeth I (1558-1603), preferiram sofrer a expropriação dos bens e a prisão antes que renunciar à própria fé.
Courtfield, a residência originária da família do seu marido, tornara-se, durante as décadas de terror, um abrigo para os sacerdotes perseguidos, um lugar onde se celebrava a S. Missa. Desde então haviam passado três séculos, mas nada mudara no espírito católico da família.
Certa do poder da oração silenciosa e fiel, Eliza Vaughan reservava cada dia uma hora de adoração na capela da casa, rezando pelas vocações na sua família. Tornando-se mãe de seis sacerdotes foi grandemente atendida. Falecida em 1853, a Mãe Vaughan foi enterrada em Courtfield, na propriedade da família que ela tanto amara. Hoje Courtfield é um centro de exercícios espirituais da diocese de Cardiff.
Demos os nossos filhos a Deus
Convertida no fundo do coração, cheia de zelo, Eliza propôs ao marido doar os filhos a Deus. Esta mulher de elevadas virtudes rezava cada dia durante uma hora frente ao Santíssimo Sacramento na Capela da residência de Courtfield, pedindo a Deus uma família numerosa e muitas vocações religiosas entre os seus filhos. Foi atendida! Teve 14 filhos e morreu pouco depois do nascimento do último filho em 1853. Dos 13 filhos vivos, entre os quais 8 homens, seis tornaram-se sacerdotes: dois em ordens religiosas, um sacerdote diocesano, um bispo, um arcebispo e um cardeal. Das cinco filhas, quatro tornaram-se religiosas. Que bênção para a família! Todos os filhos da família Vaughan tiveram uma infância feliz, porque na educação a sua santa mãe possuía a capacidade de associar de modo natural a vida espiritual e as obrigações religiosas com as diversões e a alegria. Por vontade da mãe faziam parte da vida quotidiana as orações e a S. Missa na capela da casa, bem como a música, o desporto, o teatro amador, a equitação e as brincadeiras.
Os filhos não se enfastiavam quando a mãe lhes contava a vida dos santos, que aos poucos se tornaram para eles amigos íntimos. Eliza levava consigo os filhos também nas visitas e nos cuidados aos doentes e aos sofredores das vizinhanças, para que pudessem nestas ocasiões aprender a serem generosos, a fazer sacrifícios, a doar aos pobres suas poupanças e seus brinquedos.
Ela faleceu pouco depois do nascimento do décimo quarto filho, John. Dois meses após a sua morte, o coronel Vaughan, convencido que ela havia sido um dom da Providência, escreveu numa carta: “Hoje, durante a adoração, agradeci ao Senhor, por ter podido devolver-Lhe a minha amada esposa. Abri-Lhe o meu coração cheio de gratidão por me ter doado Eliza como modelo e guia, a ela ainda me liga um vínculo espiritual inseparável. Que maravilhosa consolação e que graça me transmite! Ainda a vejo como sempre a vi frente ao Santíssimo com aquela sua pura e humana gentileza que lhe iluminava o rosto durante a oração”.
Trabalhai na Vinha do Senhor
As numerosas vocações entre os filhos do casal Vaughan são realmente uma extraordinária herança e uma bênção que provinha principalmente da mãe Eliza. Quando Herbert, o filho mais velho, aos dezasseis anos, anunciou aos pais que se queria tornar sacerdote, as reações foram diferentes. A mãe, que havia rezado muito para que isso acontecesse, sorriu e disse: “Meu filho, eu já sabia há muito tempo”. O pai porém precisou de um pouco de tempo para aceitar o anúncio, pois sobre o filho mais velho, herdeiro da casa, havia colocado muitas esperanças e havia pensado para ele uma brilhante carreira militar. Como teria podido imaginar que Herbert se iria tornar arcebispo de Westminster, fundador de Millhill e sucessivamente cardeal?
Mas o pai também logo se persuadiu e escreveu a um amigo: “Se Deus quer Herbert para si, pode ter também todos os outros”. Reginaldo porém casou-se, como Francis Baynham, que herdou a propriedade da família. Deus chamou ainda outros nove filhos dos Vaughan. Roger, o segundo, tornou-se prior dos beneditinos e mais tarde amado arcebispo de Sydney, na Austrália, onde mandou construir a catedral. Kenelm tornou-se cisterciense e mais tarde sacerdote diocesano. José, o quarto filho dos Vaughan, foi beneditino como o irmão Roger e fundador de uma nova abadia. Bernardo, talvez o mais animado de todos, que amava muito a dança e o esporte, que não perdia uma diversão, tornou-se jesuíta. Conta-se que no dia anterior ao seu ingresso na ordem, tenha tomado parte num baile e tenha dito à sua parceira: “Este que estou a fazer com a senhora é o meu último baile porque serei jesuíta!”. Surpresa, a jovem teria exclamado: “Mas por favor! Logo o senhor, que tanto ama o mundo e dança maravilhosamente bem, quer ser jesuíta?”. A resposta, mesmo se pode ser interpretada de várias maneiras, é muito bonita: “Exactamente por isso me entrego a Deus!”. John, o mais novo, foi ordenado sacerdote pelo irmão Herbert e sucessivamente tornou-se bispo de Salford na Inglaterra. Das cinco filhas da família, quatro tornaram-se religiosas. Gladis entrou na ordem da visitação, Teresa foi irmã da misericórdia, Claire irmã clarissa e Mary prioreza nas agostinianas. Margareta também, a quinta filha dos Vaughan, queria ser freira, mas não pôde por causa da sua saúde fraca. Viveu, porém, em casa como consagrada e passou os últimos anos da sua vida num mosteiro.
Herbert Vaughan tinha dezesseis anos quando no verão, durante um retiro espiritual, resolveu ser sacerdote. Foi ordenado em Roma aos 22 anos de idade e mais tarde tornou-se bispo de Salford na Inglaterra e fundador dos Missionários de Millhill, que hoje actuam no mundo inteiro. Finalmente tornou-se Cardeal e terceiro arcebispo de Westminster. No seu brasão está escrito: “Amare et Servire!”. O seu programa estava enunciado na frase “O amor deve ser a raiz da qual brota todo o meu serviço”.
 Beata Maria Deluil Martiny (1841-1884)
Cerca de 120 anos atrás, em algumas revelações particulares, Jesus começou a confiar às pessoas consagradas nos mosteiros e no mundo o Seu plano para a renovação do sacerdócio. Ele confiou a algumas mães espirituais a chamada ‘obra para os sacerdotes’. Uma das precursoras desta obra é a beata Maria Deluil Martiny. Sobre este seu grande íntimo desejo ela disse: “Oferecer-se pelas almas é belo e grande! Mas oferecer-se pelas almas dos sacerdotes… é tão belo e grande que seria preciso ter mil vidas e mil corações! … Daria de bom grado a minha vida para que Cristo pudesse encontrar nos sacerdotes aquilo que deles se espera! A daria de bom grado mesmo se um só pudesse realizar perfeitamente o plano divino nele!”. De fato, aos 43 anos, ela selou com o martírio a sua maternidade espiritual. As suas últimas palavras foram: “É para a obra, a obra para os sacerdotes!”.
Serva de Deus Louise Marguerite Claret de la Touche (1868-1915)
 Jesus também preparou por longos anos a Serva de Deus Louise Marguerite Claret de la Touche para o apostolado para a renovação do sacerdócio. Ela contou que no dia 5 de junho de 1902, durante uma adoração, lhe apareceu o Senhor.
“Eu o havia rogado para o nosso pequeno noviciado e havia suplicado que me desse algumas almas que eu pudesse plasmar para Ele. Ele respondeu-me: ‘Dar-te-ei almas de homens’. Fiquei em silêncio pois não compreendi as suas palavras. Jesus acrescentou: ‘Dar-te-ei almas de sacerdotes. Ainda mais surpreendida por estas palavras, perguntei: ‘Meu Jesus, como o farás?’ Ele então expôs-me a obra que estava a preparar e que devia aquecer o mundo com o amor. Jesus continuou a explicar o seu plano e portanto quis dirigir-se aos sacerdotes: ’Como 1900 anos atrás eu pude renovar o mundo com doze homens – eles eram sacerdotes – hoje também eu poderia renovar o mundo com doze sacerdotes, mas deverão ser sacerdotes santos.” O Senhor mostrou então a Louise Marguerite a obra. “É uma união de sacerdotes, uma obra que abrange o mundo inteiro”. “Se o sacerdote quer realizar a sua missão e proclamar a misericórdia de Deus, deveria em primeiro lugar, ele mesmo ser invadido pelo Coração de Jesus e deveria ser iluminado pelo amor do Seu Espírito. Os sacerdotes deveriam cultivar a união entre si, ser um coração e uma alma e nunca ser obstáculo uns para os outros”.
Louise Marguerite descreveu com fórmulas tão felizes o sacerdócio no seu livro “O Coração de Jesus e o sacerdócio”, que alguns sacerdotes acreditaram ser a obra de um co-irmão. Um jesuíta declarou: “Não sei quem escreveu o livro, mas uma coisa sei com certeza, não é obra de uma mulher!”.
Lu Monferrato 
No pequeno vilarejo de Lu na Itália do norte, há uma localidade com poucos milhares de habitantes, situado numa região rural a 90 km a oeste de Turim. Este pequeno vilarejo teria ficado desconhecido se em 1881 algumas mães de família não tivessem tomado uma decisão que iria ter “grandes repercussões”.
Muitas dessas mães tinham no coração o desejo de ver um de seus filhos tornar-se sacerdote ou uma das suas filhas entregar-se totalmente ao serviço do Senhor. Começaram então a reunir-se todas as terças-feiras para a adoração do Santíssimo Sacramento, sob a guia do seu pároco, Monsenhor Alessandro Canora, e a rezar para as vocações. Todos os primeiros domingos do mês recebiam a Comunhão com essa intenção. Após a Missa todas as mães rezavam juntas para pedir vocações sacerdotais. Graças à oração cheia de confiança destas mães e à abertura de coração destes pais, as famílias viviam num clima de paz, de serenidade e de alegre devoção que permitiu aos filhos discernir com maior facilidade as suas chamadas.
Quando o Senhor disse: “Muitos são os chamados, mas poucos os eleitos” (Mt 22,14), devemos entendê-lo desta maneira: muitos serão chamados, mas poucos responderão. Ninguém podia pensar que o Senhor teria atendido tão amplamente o pedido destas mães. Deste vilarejo emergiram 323 vocações para a vida consagrada (trezentas e vinte três!): 152 sacerdotes (e religiosos) e 171 religiosas pertencentes a 41 diferentes congregações. Nalgumas famílias houve até três ou quatro vocações. O exemplo mais conhecido é o da família Rinaldi. O Senhor chamou sete filhos desta família. Duas filhas entraram para as irmãs Salesianas e, enviadas a Santo Domingo, tornaram-se pioneiras e missionárias corajosas. Entre os homens, cinco tornaram-se sacerdotes Salesianos. O mais conhecido dos cinco irmãos, Filippo Rinaldi, foi o terceiro sucessor de Dom Bosco, beatificado por João Paulo II aos 29 de Abril de 1990. De facto, muitos jovens entraram para os salesianos. Não foi por acaso, visto que Dom Bosco durante a sua vida visitou quatro vezes Lu. O santo participou da primeira Missa de Filippo Rinaldi, seu filho espiritual, na sua cidade de origem. Filippo gostava muito de lembrar a fé das famílias de Lu: “Uma fé que fazia dizer aos nossos pais: O Senhor nos doou filhos e se Ele os chama nós certamente não podemos dizer não!”. Mons. Evasio Colli, arcebispo de Parma, também vinha de Lu (Alessandria). Dele disse João XXIII: “Ele é que devia ser papa, não eu. Tinha tudo para ser um grande papa”.
A cada 10 anos, todos os religiosos, as religiosas e os sacerdotes ainda vivos se reúnem em Lu, vindos de todas as partes do mundo. Dom Mario Meda, durante muitos anos pároco da cidade, contou como este encontro na realidade é uma grande festa, uma festa de agradecimento a Deus por ter feito grandes coisas em Lu.
A oração que as mães de família rezavam em Lu era breve, simples e profunda: “Senhor, fazei que um dos meus filhos se torne sacerdote! Eu mesma quero viver como boa cristã e quero conduzir os meus filhos ao bem para obter a graça de poder oferecer a Vós, Senhor, um sacerdote santo. Amém”.
Beata Alexandrina Maria da Costa (1904-1955)
Também um exemplo de vida como a de Alexandrina da Costa, beatificada em 25 de Abril de 2004, demonstra de maneira impressionante a força transformadora e os efeitos visíveis do sacrifício de uma jovem doente e abandonada. Em 1941 Alexandrina escreveu ao seu pai espiritual, P. Mariano Pinho, que Jesus se havia dirigido a ela com estas palavras: “Minha filha, em Lisboa vive um sacerdote que corre o risco de se condenar eternamente; ele me ofende de maneira grave. Chama o teu padre espiritual e pede-lhe a autorização para que eu te faça sofrer particularmente, durante a paixão, por aquela alma”.
Recebida a licença, Alexandrina sofreu muitíssimo. Sentia o peso dos pecados daquele sacerdote, que não queria saber de Deus e estava prestes a peder-se. Ela vivia no seu corpo o estado infernal em que se encontrava o sacerdote e suplicava: “Não, no inferno não! Ofereço-me em holocausto por ele até quando Tu quiseres”. Ela chegou a ouvir o nome e o sobrenome do sacerdote.
P. Pinho quis então indagar junto ao cardeal de Lisboa para saber se naquele momento algum sacerdote lhe estivesse dando muitos desgostos. O cardeal confirmou com sinceridade que de facto havia um sacerdote que o preocupava; o nome que pronunciou era exactamente o mesmo que Jesus dissera à Alexandrina.
Alguns meses mais tarde foi referido ao P. Pinho, por parte de um amigo sacerdote, Padre David Novais, um evento especial. O Padre David acabara de dar um curso de exercícios espirituais em Fátima, ao qual também havia participado um senhor muito discreto que todos haviam notado pelo seu comportamento exemplar. Este homem, no último dia dos exercícios, sofreu um ataque de coração; foi chamado um sacerdote e ele pôde confessar-se e receber a Comunhão. Pouco depois falecia, reconciliado com Deus. Descobriu-se que aquele senhor, vestindo roupas leigas, era um sacerdote e era exactamente aquele pelo qual Alexandrina tanto havia lutado.
Serva de Deus Consolata Betrone (1903-1946)
Os sacrifícios e as orações de uma mãe espiritual de um sacerdote destinam-se em particular aos consagrados que se perderam ou que abandonaram a própria vocação. Jesus, na sua Igreja, chamou para esta vocação inumeráveis mulheres rogadoras, como por exemplo Irmã Consolata Betrone, Clarissa Capuchinha de Turim. Jesus disse-lhe: “A tua tarefa na vida é dedicar-te aos teus irmãos. Consolata, tu também serás um bom pastor e irás em busca dos irmãos perdidos para os trazeres de volta a mim”.
Consolata ofereceu tudo por eles, pelos “seus irmãos” sacerdotes e consagrados que se encontravam em dificuldade espiritual. Na cozinha, durante o trabalho, rezava sem cessar a sua oração do coração: “Jesus, Maria, Vos amo, salvai as almas!”.
Mudou cientemente todo o menor serviço e tarefa em sacrifício. Jesus disse-lhe a este propósito: “Estas são acções insignificantes, mas como tu as ofereces com grande amor, concedo a elas um valor desmedido e as transformo em graças de conversão que descem sobre os irmãos infelizes”.
Muitas vezes no convento eram assinalados por telefone ou por carta casos concretos dos quais Consolata carregava o peso no sofrimento. Às vezes sofria durante semanas ou meses pela aridez, pela sensação de inutilidade, de obscuridade, de solidão, de dúvidas e pelos estados pecaminosos dos sacerdotes. Uma vez, durante estas lutas interiores, escreveu ao seu pai espiritual: “Quanto me custam os irmãos!”. Jesus, porém, fez-lhe uma grande promessa: “Consolata, não é só um irmão que devolverás a Deus, mas todos. Prometo-te que me doarás os irmãos, todos, um após outro”. E assim foi! Trouxe de volta um sacerdócio rico de graça todos os sacerdotes que lhe haviam sido confiados. Muitos destes casos foram documentados com precisão. 
Berthe Petit (1870-1943)
Berthe Petit é uma grande mística belga, uma alma de expiação pouco conhecida. Jesus indicou-lhe com clareza o sacerdote pelo qual devia renunciar aos seus projectos pessoais e também fez com que o encontrasse.
O “preço” de um Sacerdote Santo
Desde quando era jovem de quinze anos, Berthe durante cada S. Missa rezava pelo celebrante: “Meu Jesus, faz com que o teu sacerdote não te cause desgostos!”. Quando tinha dezessete anos, os seus pais perderam todo o património por causa de uma fidejussória; dia 8 de Dezembro de 1988, o seu director espiritual disse-lhe que a sua vocação não era o mosteiro, mas ficar em casa e cuidar dos pais. Com pesar a jovem aceitou o sacrifício; pediu, porém, a Nossa Senhora que intercedesse para que, em vez da sua vocação religiosa, Jesus chamasse um sacerdote zeloso e santo. “Serás atendida!” garantiu-lhe o padre espiritual. O que ela não podia prever aconteceu 16 dias mais tarde: um jovem advogado de 22 anos, o dr. Louis Decorsant, estava a rezar frente a uma estátua de Nossa Senhora das Dores. De repente e inesperadamente, ele teve a certeza de que a sua vocação não era casar com a jovem que amava e exercer a profissão de tabelião. Compreendeu com clareza que Deus o chamava ao sacerdócio. Esta chamada foi tão clara e insistente que ele não hesitou nem um instante em abandonar tudo. Após os estudos em Roma, onde havia terminado o seu doutoramento, foi ordenado sacerdote em 1893. Berthe tinha então 22 anos. Nesse mesmo ano o jovem sacerdote, com 27 anos, celebrou a S. Missa da meia noite num subúrbio de Paris. Este facto é importante porque na mesma hora Berthe, assistindo à S. Messa da meia noite noutra paróquia, prometia solenemente ao Senhor: “Jesus, quero ser um holocausto para os sacerdotes, para todos os sacerdotes, mas de modo especial para o sacerdote da minha vida”.
Quando foi exposto o Santíssimo, a jovem viu de repente uma grande cruz com Jesus e aos seus pés Maria e João. Ela ouviu as seguintes palavras: “O teu sacrifício foi aceite, a tua súplica atendida. Eis o teu sacerdote… Um dia o conhecerás”. Berthe viu que os traços do rosto de João assumiram os de um sacerdote por ela desconhecido. Tratava-se do reverendo Decorsant, mas ela encontrá-lo-ia em 1908, ou seja 15 anos depois, reconhecendo o seu rosto.
O encontro desejado por Deus
Berthe encontrava-se em Lourdes em peregrinação. Aqui Nossa Senhora confirmou-lhe: “Verás o sacerdote que pediste a Deus vinte anos atrás. Está prestes a acontecer”. Ela estava com uma amiga na estação de Austerliz em Paris, num comboio que ia a Lourdes, quando um sacerdote entrou no vagão onde elas estavam para assegurar o lugar para uma doente. Era o reverendo Decorsant. Os seus traços eram os que Berthe havia visto no rosto de S. João quinze anos antes, era portanto aquele para o qual havia oferecido tantas preces e tanto sofrimento físico. Após ter trocado algumas palavras gentis, o sacerdote desceu do comboio. Exactamente um mês mais tarde, o mesmo reverendo Decorsant fez uma peregrinação a Lourdes para confiar a Nossa Senhora o seu futuro de sacerdote. Carregando as suas bagagens encontrou novamente Berthe e a sua amiga. Reconhecendo as duas mulheres, convidou-as para a S. Missa. Enquanto o Padre Decorsant elevava a hóstia, Jesus disse a Berthe no seu íntimo: “Este é o sacerdote para o qual aceitei o teu sacrifício”. Após a liturgia, ela soube que “o sacerdote da sua vida”, como o teria chamado sucessivamente, estava hospedado na sua mesma pensão.
Uma tarefa em comum 
Berthe revelou ao Padre Decorsant a sua vida espiritual e a sua missão para a consagração ao Coração Imaculado e Doloroso de Maria. Ele, da sua parte, compreendeu que esta alma preciosa lhe havia sido confiada por Deus. Aceitou ser transferido para a Bélgica e tornou-se para Berthe um santo director espiritual e um apoio incansável para a realização da sua missão. Sendo um excelente teólogo foi um mediador ideal com a hierarquia eclesiástica em Roma. Durante 24 anos, ou seja até à sua morte, acompanhou Berthe que, como alma de expiação, muitas vezes estava doente e sofria de modo especial pelos sacerdotes que abandonavam a vocação
Veneranda Conchita do México (1862-1937)
Maria Concepción Cabrera de Armida, Conchita, esposa e mãe de numerosos filhos, é uma das santas modernas que Jesus preparou para uma maternidade espiritual para os sacerdotes. No futuro ela terá grande importância para a Igreja universal.
Jesus uma vez explicou à Conchita: “Há almas que receberam uma unção através da ordenação sacerdotal. Porém há também almas sacerdotais que têm uma vocação sem ter a dignidade ou a ordenação sacerdotal. Elas se oferecem em união comigo… Estas almas ajudam espiritualmente a Igreja de maneira poderosa. Tu serás mãe de um grande número de filhos espirituais, mas eles custarão ao teu coração como mil martírios. Oferece-te como holocausto, une-te ao meu sacrifício para obter graças para eles”… “Desejaria voltar a este mundo…nos meus sacerdotes. Desejaria renovar o mundo, revelando-me neles e dar um impulso forte à minha Igreja, derramando o Espírito Santo sobre os meus sacerdotes como numa nova Pentecostes”. “A Igreja e o mundo necessitam de uma nova Pentecostes, uma Pentecostes sacerdotal, interior”.
Quando a jovem Conchita rezava com freqüência frente ao Santíssimo: “Senhor, sinto-me incapaz de te amar, portanto quero casar. Doa-me muitos filhos assim que eles possam te amar mais de quanto eu sou capaz.”. De seu casamento muito feliz nasceram nove filhos, duas mulheres e sete homens. Ela consagrou-os todos a Nossa Senhora: “Entrego-os completamente a ti como se fossem teus filhos. Tu sabes que eu não os sei educar, pouco sei do que significa ser mãe, mas Tu, Tu o sabes”. Conchita viu morrer quatro dos seus filhos e todos tiveram uma morte santa. Conchita foi realmente mãe espiritual para o sacerdócio de um dos seus filhos; e sobre ele escreveu: “Manuel nasceu na mesma hora em que morreu o Padre José Camacho.
Quando ouvi a notícia, roguei a Deus que o meu filho pudesse substituir este sacerdote no altar. Desde que o pequeno Manuel começou a falar, rezamos juntos para a grande graça da vocação ao sacerdócio… No dia da sua primeira Comunhão e em todas as festas importantes renovei a súplica…Aos dezessete anos entrou na Companhia de Jesus”.
Em 1906 da Espanha, onde estava, Manuel (nascido em 1889 e terceiro filho por idade) comunicou-lhe a decisão de se tornar sacerdote e ela escreveu-lhe: “Doa-te ao Senhor com todo o coração sem nunca te negares! Esquece as criaturas e principalmente esquece a ti mesmo! Não posso imaginar um consagrado que não seja um santo. Não é possível doar-se a Deus pela metade. Procura ser generoso com Ele!”.
Em 1914 Conchita encontrou Manuel na Espanha pela última vez, porque ele não voltou mais ao México. Naquela época o filho escreveu-lhe: “Minha querida, e pequena mãe, me indicaste o caminho. Tive a sorte, desde pequeno, de ouvir de teus lábios a doutrina salutar e exigente da cruz. Agora queria pô-la em prática”. A mãe também experimentou a dor da renúncia: “Levei a tua carta frente ao tabernáculo e disse ao Senhor que aceito com toda a minha alma este sacrifício. No dia seguinte coloquei a carta no meu peito enquanto recebia a Santa Comunhão para renovar o sacrifício total”. 
Mãe, ensina-me a ser Sacerdote
Dia 23 de Julho de 1922, uma semana antes da ordenação sacerdotal, Manuel, então com trinta anos de idade, escreve à sua mãe: “Mãe, ensina-me a ser sacerdote! Fala-me da imensa alegria de poder celebrar a S. Missa. Entrego tudo nas tuas mãos, como me protegeste no teu peito quando eu era criança e me ensinaste a pronunciar os belos nomes de Jesus e Maria para me introduzir neste mistério. Sinto-me realmente como uma criança que pede preces e sacrifícios… Assim que eu for ordenado sacerdote, te mandarei a minha bênção e depois receberei ajoelhado a tua”.
Quando Manuel foi ordenado sacerdote, a 31 de Julho de 1922 em Barcelona, Conchita levantou-se para participar espiritualmente da ordenação; devido ao fuso horário no México era noite. Ela comoveu-se profundamente: “Sou mãe de um sacerdote! … Posso somente chorar e agradecer! Convido todo o céu a agradecer em meu lugar porque me sinto incapaz pela minha miséria”. Dez anos mais tarde escreveu ao filho: “Não consigo imaginar um sacerdote que não seja Jesus, ainda menos quando ele é parte da Companhia de Jesus. Rezo para ti para que a tua transformação em Cristo, desde o momento da celebração, se cumpra de modo que tu sejas, dia e noite, Jesus” (17-5-1932). “O que faríamos sem a cruz? A vida sem as dores que unem, santificam, purificam e obtêm graças, seria insuportável” (10-6-1932). P. Manuel morreu aos 66 anos de idade em odor de santidade. O Senhor fez com que Conchita compreendesse o seu apostolado: “Confio-te mais um martírio: tu sofrerás aquilo que os sacerdotes cometem contra mim. Tu viverás e oferecerás pela infidelidade e pelas misérias deles”. Esta maternidade espiritual para a santificação dos sacerdotes e da Igreja a consumiu completamente. Conchita morreu em 1937 aos 75 anos.
O Barão Wilhelm Emannuel Kettker (1811-1877)
O meu Sacerdócio e uma desconhecida
Todos nós devemos o que somos e a nossa vocação às preces e aos sacrifícios dos outros. No caso do famoso bispo Ketteler, excelente personagem do episcopado alemão do século XIX e figura de destaque entre os fundadores da sociologia católica, a benfeitora foi uma religiosa conversa, a última e a mais pobre freira do seu convento.
Em 1869 estavam juntos o bispo de uma diocese na Alemanha e o seu hóspede, o bispo Ketteler de Mainz. Durante a conversa o bispo elogiava as tantas obras benéficas do seu hóspede. Mas o bispo Ketteler explicou ao seu interlocutor: “Tudo o que alcancei com a ajuda de Deus, devo-o às preces e ao sacrifício de uma pessoa que não conheço. Posso somente dizer que alguém ofereceu a Deus a sua vida em sacrifício para mim e graças a isso tornei-me sacerdote ”.
E continuou: “Antes eu não me sentia destinado ao sacerdócio. Eu havia prestado alguns exames na faculdade de direito e desejava fazer uma rápida carreira que me permitisse ter um lugar de prestígio no mundo, ser respeitado e ganhar muito dinheiro. Um evento extraordinário porém impediu-me tudo isso e conduziu a minha vida noutras direcções. Uma noite, enquanto estava sozinho no meu quarto, abandonei-me aos meus sonhos de ambição e aos planos para o futuro. Não sei o que me aconteceu, não sei se estava acordado ou não. O que eu via era a realidade ou um sonho? Só uma coisa sei com certeza: vi aquilo que sucessivamente provocou a reviravolta da minha vida. Claro e límpido, Cristo estava por cima de mim numa nuvem de luz e mostrava-me o seu Sagrado Coração. Frente a Ele estava uma freira ajoelhada com as mãos erguidas em posição de imploração. Da boca de Jesus ouvi as seguintes palavras: ‘Ela reza ininterruptamente por ti!”. Eu via com clareza a figura da irmã, e a sua fisionomia impressionou-me de maneira tão forte que ainda hoje a tenho frente aos meus olhos Ela parecia-me uma simples conversa. A sua roupa era pobre e rude, as suas mãos avermelhadas e calosas pelo trabalho pesado. Qualquer coisa tinha sido, um sonho ou não, para mim foi extraordinário pois fui atingido no íntimo e a partir daquele momento resolvi consagrar-me inteiramente a Deus no serviço sacerdotal. Recolhi-me num mosteiro para os exercícios espirituais e conversei sobre tudo isto com o meu confessor. Comecei os estudos de teologia aos trinta anos. O resto, o senhor já conhece. Se agora o senhor acredita que algo de bom foi feito com a minha intermediação, saiba de quem é o mérito: daquela irmã que rezou por mim, talvez sem sequer me conhecer.
Tenho a certeza que por mim se rezou e ainda se reza em segredo e que sem aquela prece eu não poderia alcançar a meta à qual Deus me destinou”
A irmão do estábulo 
No dia seguinte o bispo Ketteler foi visitar um convento de freiras na cidade próxima e celebrou para elas a S. Missa na capela. Quando estava prestes a terminar a distribuição da S. Comunhão, já na ultima fileira, o seu olhar deteve-se sobre uma irmã. O seu rosto empalideceu e ele ficou imóvel, mas recompos-se e deu a comunhão à freira que não percebera nada e estava devotamente ajoelhada. E concluiu serenamente a liturgia.
Para o café da manhã chegou ao convento também o bispo do dia anterior. O bispo Ketteler pediu à madre superiora que lhe apresentasse todas as irmãs e elas vieram imediatamente. Os dois bispos aproximaram-se e Ketteler cumprimentava-as observando-as, mas via-se com clareza que não encontrava o que estava a procurar. Em voz baixa dirigiu-se à madre superiora: “Estão todas aqui as irmãs?” Ela olhou para o grupo e respondeu: “Excelência, mandei chamá-las todas mas de facto falta uma!”. “E porque não veio?” A madre respondeu: “Ela cuida do estábulo, e de maneira tão exemplar que às vezes no seu zelo esquece-se das outras coisas”. “Desejo conhecer esta irmã”, disse o bispo. Pouco depois a freira chegou. Ele empalideceu e após ter dirigido algumas palavras a todas as freiras pediu para ficar a sós com ela. “Você conhece-me?” perguntou. “Excelência, eu nunca o vi!”. “Mas você rezou e ofereceu boas obras por mim?” perguntou Ketteler. “Não tenho consciência disto, pois não sabia da existência de Vossa Excelência”. O bispo ficou alguns instantes imóvel em silêncio, depois continuou com outras perguntas. “Quais devoções ama mais e pratica com maior frequência?” “A veneração ao Sagrado Coração”, respondeu a irmã. “Parece que você tem o trabalho mais pesado de todo o convento!” continuou. “Ah não, Excelência! Certamente não posso negar que às vezes me repugna”. “Então o que é que faz quando é atormentada pela tentação?”. “Acostumei-me a enfrentar, por amor a Deus, com zelo e alegria todas as tarefas que me custam muito e depois oferecê-las por uma alma no mundo. Será o bom Deus a escolher a quem dar a Sua graça, eu não quero saber. Também ofereço a hora de adoração da noite, das vinte às vinte e uma horas, para essa intenção”. “E como teve a ideia de oferecer tudo isto por uma alma?” ”E’ um costume que eu já tinha quando ainda vivia no mundo. Na escola o pároco ensinou-nos que devíamos rezar pelos outros como se faz para os próprios parentes. E também acrescentava: ‘Seria necessário rezar muito por aqueles que correm o risco de se perderem para a eternidade. Mas visto que só Deus sabe quem tem mais necessidade, a coisa melhor seria oferecer as orações ao Sagrado Coração de Jesus, confiantes na sua sabedoria e omnisciência’. E eu assim fiz, e sempre acreditei que Deus encontra a alma certa”.
Dia do aniversário e o dia da conversão
“Quantos anos tem?” Perguntou Ketteler. “Trinta e três anos, Excelência”. O bispo, impressionado, interrompeu um instante e depois perguntou: “Quando nasceu?” A irmã disse o dia do seu nascimento. O bispo então fez uma exclamação: tratava-se exactamente do dia da sua conversão! Ele vira-a exactamente assim, à sua frente como estava naquele momento. “Você não sabe se as suas preces e os seus sacrifícios tiveram sucesso?” “Não, Excelência”. “E não gostaria de saber?”. “O bom Deus sabe quando fazemos algo de bom, isso me basta”, foi a simples resposta. O bispo estava abalado: “Então, pelo amor de Deus, continue com essa obra!”.
A irmã ajoelhou-se à sua frente e pediu a bênção. O bispo levantou solenemente as mãos e com profunda comoção disse: “Com os meus poderes episcopais, abençôo a sua alma, as suas mãos e o trabalho que elas cumprem, abençôo as suas orações e os seus sacrifícios, o seu domínio de si e a sua obediência. Abençôo-a a si, principalmente para a sua última hora e peço a Deus que a assista com a Sua consolação”. “Amém”, respondeu pacata a irmã e afastou-se.
Um ensimanemto para a vida inteira
O bispo estava abalado no seu íntimo. Aproximou-se da janela para olhar para fora, tentando reconquistar o seu equilíbrio. Mais tarde despediu-se da madre superiora e voltou à casa do seu amigo e coirmão. E confidenciou-lhe: “Agora encontrei aquela à qual devo a minha vocação. É a última e a mais pobre conversa do convento. Não poderei nunca agradecer a Deus o bastante pela Sua misericórdia, porque aquela freira reza por mim há quase vinte anos. Deus porém já havia aceite a sua prece e também tinha previsto que o dia do seu nascimento coincidisse com o dia da minha conversão; depois, Deus acolheu as orações e as boas obras daquela irmã. Que ensinamento e que advertência para mim! Se um dia cair na tentação de me orgulhar pelos eventuais sucessos e pelas minhas obras frente aos homens, devo sempre lembrar que tudo me vem da graça e da oração e do sacrifício de uma pobre serva que está no estábulo de um convento. E se um trabalho insignificante me parecer de pouco valor, devo reflectir sobre isto: o que aquela serva faz com humilde obediência a Deus e oferece em sacrifício com domínio de si, tem um valor tão grande perante Deus que as suas obras criaram um bispo para a Igreja!”.
 Santa Teresa de Lisieux (1873-1897)
Teresa tinha somente 14 anos quando, durante uma peregrinação a Roma, compreendeu a sua vocação de mãe espiritual dos sacerdotes. Na sua autobiografia escreve como, após ter conhecido na Itália muitos santos sacerdotes, tenha entendido que, apesar da sublime dignidade deles, não deixavam de ser homens fracos e frágeis. “Se santos sacerdotes … mostram com o seu comportamento uma necessidade extrema de orações, o que dizer dos tíbios?” (A 157). Numa das suas cartas encorajava a irmã Celina: “Vivemos pelas almas, somos apóstolos, salvamos principalmente as almas dos sacerdotes… rezamos, sofremos por eles e, no último dia, Jesus será grato” (LT 94).
Na vida de Teresa, doutora da Igreja, há um episódio comovente que demonstra o seu zelo pelas almas e especialmente pelos missionários. Já estava muito doente e podia andar somente à custa de muito esforço, mas o médico recomendara-lhe de passear meia hora cada dia no jardim. Mesmo sem acreditar na utilidade deste exercício, ela fazia-o fielmente todos os dias. Uma vez uma co-irmã que a acompanhava, vendo o grande sofrimento que lhe provocava o caminhar, disse-lhe: “Mas, irmã Teresa, porque toda essa fadiga se o sofrimento é maior que o alívio?”. E a santa respondeu: “Sabe irmã, estou a pensar que talvez exactamente nesse momento um missionário nalgum país remoto se sente muito cansado e desanimado, portanto ofereço as minhas fadigas por ele”.
Deus demonstrou ter acolhido o desejo de Teresa de oferecer a sua vida pelos sacerdotes quando a madre superiora lhe confiou dois nomes de seminaristas que haviam pedido o apoio espiritual duma carmelita. Um era o abade Maurice Bellière, que poucos dias depois da morte de Teresa recebia o hábito de “Padre Branco”, tornando-se um sacerdote missionário. O outro era P. Adolphe. Roulland, que a santa acompanhou com as suas preces e sacrifícios até à ordenação sacerdotal e de modo especial durante a sua missão na China.  
Beato Cardeal Clemen Ausgust Von Galen (1878-1946)
Aos 13 de Setembro de 1933, com 55 anos de idade, o pároco Clemens von Galen foi nomeado bispo de Münster pelo Papa Pio XI. Fiel ao seu lema de não se deixar influenciar “nem pelo elogio, nem pelo medo”, protestou publicamente contra as medidas terroristas da Gestapo e denunciou o Estado que havia prejudicado os direitos da Igreja e dos seus fiéis. Em 1946, o Papa Pio XII nomeou cardeal o bispo de Münster pelos seus méritos e pela extraordinária coragem em professar a fé. No seu ingresso como pastor de Münster, o bispo Galen fez imprimir uma imagem com a seguinte escrita:
“Sou o décimo terceiro filho da nossa família e agradecerei eternamente a minha mãe por ter tido a coragem de dizer sim a Deus também para este décimo terceiro filho. Sem este sim de minha mãe, hoje eu não seria sacerdote e bispo”.    
Papa João Paulo I (1912-1978)
“Foi minha mãe quem me ensinou!” 
João Paulo I começou a sua última audiência geral em Setembro de 1978 rezando o É uma famosíssima oração com as palavras da Bíblia. Foi a minha mãe quem me ensinou. Continuo a rezá-la várias vezes por dia”.
Pronunciou estas palavras sobre a sua mãe com tanta ternura que aqueles que estavam na sala de Audiências responderam com um aplauso impetuoso. Entre eles, uma jovem mulher disse com lágrimas nos olhos: “Como é comovedor que o Papa fale da sua mãe! Agora entendo melhor quanta influência nós, mães, podemos ter sobre os nossos filhos.”.
Anna Stang
Durante a perseguição comunista, Anna Stang sofreu muito e, como tantas outras mulheres nas suas condições, ofereceu os seus sofrimentos pelos sacerdotes. Na velhice tornou-se, ela mesma, uma pessoa com espírito sacerdotal.
“Ficamos sem Pastores!”
Anna nasceu em 1909 na parte alemã do Volga numa numerosa família católica. Era uma simples aluna de nove anos quando experimentou os inícios da perseguição; ela escreveu:
“… 1918, no segundo ano, no começo das aulas ainda rezávamos o Pai-nosso. Um ano mais tarde já havia sido proibido e o pároco não podia mais entrar na escola. Começavam a zombar de nós, cristãos, não respeitavam mais os sacerdotes e destruíam os seminários.”.
Aos 11 anos Anna perdeu o pai e alguns irmãos e irmãs por causa de uma epidemia de cólera. Pouco tempo depois morreu também a sua mãe e ela, com apenas dezessete anos, cuidou dos irmãos e das irmãs menores mas “…o nosso pároco também morreu naquela época e muitos sacerdotes foram presos. Assim ficamos sem pastores! Isto foi um duro golpe. A Igreja na paróquia vizinha ainda estava aberta, mas ali também não havia nem um sacerdote. Os fiéis reuniam-se assim mesmo para rezar, mas sem o pastor a igreja estava abandonada. Eu chorava e não me conseguia acalmar. Quantos cantos, quantas preces a haviam enchido e agora tudo parecia morto”.
Depois dessa escola de profundo sofrimento espiritual, Anna começou a rezar de modo especial pelos sacerdotes e missionários. “Senhor, dai-nos novamente um sacerdote, dai-nos a Sagrada Comunhão! Tudo sofro de bom grado pelo Teu amor, grandíssimo Coração de Jesus!” Anna ofereceu pelos sacerdotes todos os sofrimentos sucessivos de modo especial, mesmo quando numa noite de 1938 o seu irmão e o seu marido – estava felizmente casada há sete anos – foram presos e não voltaram mais. 
Entrega do serviço Sacerdotal 
Em 1942 a jovem viúva Anna foi deportada em Kazakistan com os seus três filhos.
“Foi duro enfrentar o frio do inverno, mas depois chegou a primavera. Naquela época chorei muito, mas também rezei muitíssimo. Eu tinha a sensação que alguém estivesse a segurar a minha mão. Na cidade de Syrjanowsk encontrei algumas mulheres católicas. Reuníamo-nos às escondidas todos os domingos e dias de festa para cantar e rezar o rosário. Eu suplicava com frequência: Maria, nossa mãe querida, olha como somos pobres. Dai-nos novamente sacerdotes, mestres e pastores!”
A partir de 1965 a violência da perseguição diminuiu e Anna pôde ir uma vez por ano à capital do Kirghizistan, onde vivia um sacerdote católico no exílio.
“Quando em Biskek foi construída uma igreja, fui para lá com Vittoria, uma minha conhecida, para participar da S. Missa. A viagem era longa, mais de 1000 quilómetros, mas para nós foi uma grande alegria. Há mais de 20 anos não víamos um sacerdote nem um confessionário! O pastor daquela cidade era idoso e passara mais de dez anos na prisão por causa da sua fé. Enquanto estava ali, foram-me confiadas as chaves da igreja, assim eu pude fazer longas horas de adoração. Nunca imaginei poder estar tão próxima do tabernáculo. Cheia de alegria ajoelhei-me e beijei-o”.
Antes de viajar, Anna teve a licença de levar a S. Comunhão aos católicos mais idosos da sua cidade, que nunca poderiam ter ido pessoalmente. “A pedido do sacerdote, na minha cidade, durante 30 anos baptizei crianças e adultos, preparei os casais para o sacramento do matrimonio e oficiei enterros até quando, por motivos de saúde, não pude mais prestar este serviço”.
Orações às escondidas para fazer chegar um Sacerdote !
Não é possível imaginar a gratidão de Anna quando em 1995 encontrou pela 1ª vez um sacerdote missionário. Chorou de alegria e com emoção exclamou: “Veio Jesus, o Sumo sacerdote!”
Rezava há décadas para que chegasse um sacerdote à sua cidade, mas chegando aos 86 anos de idade tinha perdido a esperança de ver com os seus olhos a realização deste desejo profundo.
A Santa  Missa foi celebrada na sua casa e esta maravilhosa mulher de alma sacerdotal pôde receber a Santa Comunhão: no resto do dia Anna não comeu nada, para manifestar desta forma o seu profundo respeito e a sua alegria.
Uma vida oferecida ao Papa e à Igreja 
No verdadeiro sentido da palavra, exactamente no coração do Vaticano, à sombra da cúpula de São Pedro, encontra-se um convento consagrado à “Mater Ecclesiae”, à Mãe da Igreja. O edifício, simples, foi usado no passado para várias funções e reformado alguns anos atrás para ser adaptado às necessidades de uma ordem contemplativa. O próprio Papa João Paulo II fez com que este convento de clausura fosse inaugurado no dia 13 de Maio de 1994, dia de Nossa Senhora de Fátima; aqui as irmãs iriam consagrar a sua vida para as necessidades do Santo Padre e da Igreja. Esta tarefa é confiada cada cinco anos a uma diferente ordem contemplativa. A primeira comunidade internacional era composta por Clarissas provenientes de seis diferentes países (Itália, Canada, Ruanda, Filipinas, Bósnia e Nicarágua). Sucessivamente foram substituídas pelas Carmelitas, que continuaram a rezar e a oferecer a própria vida pelas intenções do papa. Desde 7 de Outubro de 2004, festa de Nossa Senhora do Rosário, encontram-se no mosteiro 7 Irmãs Beneditinas de 4 diferentes nacionalidades. Uma irmã é filipina, uma vem dos Estados Unidos, duas são francesas e três italianas.
Com esta fundação, João Paulo II mostrava à opinião pública mundial, sem palavras mas de maneira muito clara, quanto a oculta vida contemplativa seja importante e indispensável, mesmo na nossa época moderna e frenética, e quanto valor ele atribuía à oração no silêncio e ao sacrifício oculto. Se ele queria ter tão próximas as irmãs de clausura para que rezassem para ele e pelo seu pontificado, é porque tinha a profunda convicção de que a fecundidade do seu ministério de pastor universal e o êxito espiritual da sua imensa obra, proviessem, em primeiro lugar, da oração e dos sacrifícios de outros.
O Papa Bento XVI também tem a mesma profunda convicção. Duas vezes foi celebrar a S. Missa às “suas irmãs”, agradecendo-lhes pela oferta das suas vidas por ele.
As palavras que dirigiu no dia 15 de setembro 2007 às Clarissas de Castel Gandolfo, também valem para as irmãs de clausura do Vaticano: “Eis então, queridas Irmãs, o que o Papa espera de vós: que sejais chamas ardentes de amor, “mãos postas” que vigiam em oração incessante, totalmente separadas do mundo, para apoiar o ministério daquele que Jesus chamou para guiar a sua Igreja ”.
A Providência dispôs realmente bem que, sob o pontificado de um papa que tanto aprecia São Bento, possam estar ao seu lado, de uma maneira verdadeiramente especial, as Irmãs Beneditinas.
Uma vida Mariana quotidiana
 Não é por acaso que o Santo Padre escolheu ordens femininas para esta tarefa. Na história da Igreja, seguindo o exemplo da Mãe de Deus, sempre foram as mulheres a acompanhar e apoiar, com orações e sacrifícios, o caminho dos apóstolos e dos sacerdotes nas suas atividades missionárias. Por isso, as ordens contemplativas consideram como próprio carisma “a imitação e a contemplação de Maria”. Madre M. Sofia Cicchetti, actual prioreza do mosteiro, define a vida da sua comunidade como uma vida mariana quotidiana:
“Nada é extraordinário aqui. A nossa vida contemplativa e claustral pode ser compreendida somente à luz da fé e do amor de Deus. Nesta nossa sociedade consumista, hedonista, parece quase ter desaparecido tanto o sentido da beleza e do estupor perante as grandes obras que Deus cumpre no mundo e na vida de cada homem e mulher, como a adoração pelo mistério da Sua amorosa presença junto a nós. No contexto do mundo de hoje a nossa vida afastada do mundo, mas não indiferente a ele, poderia parecer absurda e inútil. No entanto, podemos testemunhar com alegria que não é uma perda doar o tempo só a Deus. Lembra a todos profeticamente uma verdade fundamental: a humanidade, para ser autenticamente e plenamente si mesma, deve ancorar-se em Deus e viver no tempo o respiro do amor de Deus. Queremos ser como tantas “Moisés” que, com os braços erguidos e o coração dilatado por um amor universal mas concretíssimo, intercedem para o bem e a salvação do mundo, tornando-se, desta forma, “colaboradores no mistério da redenção” (cfr Verbi Sponsa,3).
A nossa tarefa funda-se, mais que no “fazer”, no “ser” nova humanidade. À luz de tudo isto podemos bem dizer que a nossa vida é vida cheia de sentido, não é absolutamente perda e desperdício dela, nem recusa ou fuga do mundo, mas alegre doação ao Deus-Amor e a todos os irmãos sem exclusão, e aqui no “Mater Ecclesiae” em particular para o Papa e seus colaboradores ”.  
 Irmã Chiara-Cristiana
Ela, madre superiora das Clarissas da primeira comunidade no centro do Vaticano, contou: “Quando cheguei aqui encontrei a vocação na minha vocação: dar a vida pelo Santo Padre como Clarissa. Assim foi para todas as outras co-irmãs ”.
Madre M. Sofia confirma: “Nós, como Beneditinas, somos profundamente ligadas à Igreja universal, e sentimos portanto um grande amor pelo Papa, onde quer que estejamos. Certamente, ser chamadas tão próximas dele – inclusive fisicamente – neste mosteiro “original”, aprofundou o amor por ele. Procuramos transmiti-lo também aos nossos mosteiros de origem. Nós sabemos que somos chamadas a sermos mães espirituais na nossa vida oculta e no silêncio. Entre os nossos filhos espirituais ocupam um lugar privilegiado os sacerdotes e os seminaristas, e todos os que se dirigem a nós pedindo apoio para as suas vidas e o seu ministério sacerdotal, nas provas ou desesperos do caminho. A nossa vida quer ser “testemunho da fecundidade apostólica da vida contemplativa, em imitação de Maria Santíssima, que no mistério da Igreja se apresenta de maneira eminentemente singular como virgem e mãe” (cfr LG 63). O Sacerdote e a Mãe Espiritual
Para a actual situação da Igreja num mundo secularizado, onde com frequência se torna evidente uma crise de fé, o papa, os bispos, os sacerdotes e os crentes procuram uma solução. Nesta crise, torna-se cada vez mais visível que a verdadeira solução reside na renovação interior dos sacerdotes e, neste contexto, a chamada “maternidade espiritual dos sacerdotes” adquire um especial significado.
Através deste “ser mãe espiritual”, as mulheres e mães tomam parte da maternidade universal de Maria que, sendo Mãe do Eterno Sumo Sacerdote, é também Mãe de todos os sacerdotes de todos os tempos.
Se já na vida natural a criança é acolhida, dada à luz, alimentada e cuidada pela sua mãe, este pensamento muito mais se aplica à vida espiritual: por detrás de todos os sacerdotes encontra-se uma mãe espiritual, que suplicou a Deus a sua vocação, que os traz ao mundo entre dores espirituais e que os “alimenta”, oferecendo como dádiva a Deus tudo o que no decurso do dia faz, para que se tornem sacerdotes santos, sacerdotes fiéis à sua identidade específica e às suas funções específicas.
Quem pode ser mãe espiritual dos Sacerdotes?
Para ser mãe espiritual de sacerdotes, uma mulher não precisa de ser mãe física de um sacerdote. Independentemente da idade e estrato social, todas as mulheres podem tornar-se mães espirituais dos sacerdotes, ou seja, mulheres solteiras, mães de família, viúvas, religiosas e consagradas e, sobretudo, aquelas que oferecem o seu sofrimento por amor. Até a uma criança que não sabia ler nem escrever, a bem-aventurada Jacinta de Fátima, agradeceu o próprio Papa João Paulo II, a 13 de Maio de 2000, pelo seu auxílio na sua vocação pastoral universal: “Exprimo também a minha gratidão à beata Jacinta pelos sacrifícios e orações que ofereceu pelo Santo Padre, que ela tinha visto em grande sofrimento.”
Naturalmente que os homens não ficam de forma alguma excluídos da ajuda pelas vocações e pela santificação dos sacerdotes; pois temos todos a vocação de colaborarmos neste processo! Neste tempo presente, é necessário mais do que nunca todo o nosso apoio para que os sacerdotes se santifiquem na fidelidade à sua vocação.
De que forma a Mãe Espiritual ajuda os Sacerdotes?!
Para quem se decidiu interiormente: “Desejo oferecer a minha vida inteira a Deus pela santificação dos sacerdotes!”, não é naturalmente possível estar sempre a pensar concretamente nesta maternidade espiritual. Isso é Jesus que assume, a quem, por exemplo, uma mãe de família oferece, como dádiva espiritual aos sacerdotes, o seu quotidiano, com todos os seus deveres e renúncias.
Até mesmo uma breve oração no momento da Sagrada Comunhão, feita deliberadamente por um sacerdote, é uma dádiva concreta; ou quando se passa em recolhimento uma hora junto de Deus, diante do Santíssimo, se reza o terço e se Lhe oferece este tempo de oração pelos sacerdotes, os quais, na actual falta de sacerdotes, estão tantas vezes sobrecarregados com tarefas pastorais e administrativas, que julgam não ter mais tempo para a oração pessoal e silenciosa.
Ajudas particularmente valiosas pela vida de um sacerdote são naturalmente os sacrifícios espirituais: quando uma mãe espiritual dos sacerdotes, por exemplo, renuncia deliberadamente a viver a experiência de se sentir amada por Deus ou a afastar-se da oração sem consolo, para que um sacerdote possa viver de forma sensível este amor e este consolo; ou quando suporta com amor a solidão e a aridez, humilhações e ofensas, provações e tentações do mundo, que também os sacerdotes muito bem conhecem, em seu lugar.
Também suportar uma doença ou uma dor física, no espírito da fé e com paciência, pode tornar-se uma preciosa fonte de graças para os sacerdotes.
Os comoventes exemplos de mães consagradas aos sacerdotes, descritos nesta brochura, devem encorajar-nos a acreditar, de forma muito mais viva, no poder da maternidade espiritual pelos sacerdotes, invisível mas inteiramente real.
Mostram que a oração e os sacrifícios ocultos feitos por amor e em atitude sobrenatural possuem um efeito poderoso e passível de ser sentido pelos sacerdotes.
Cada Vocação Sacerdotal passa pelo Coração de uma mãe !!!  São. PIO X
Cada sacerdote é precedido de uma mãe que não raro se tornou também mãe para a vida espiritual dos seus filhos. Giuseppe Sarto, por exemplo, o futuro Papa Pio X, logo após a sua consagração como bispo, visitou a sua mãe septuagenária.
Respeitosamente, beijou o anel do seu filho, mas logo após ficou repentinamente pensativa e mostrou a Giuseppe a sua aliança de casamento em prata e gasta pelo trabalho: “É verdade, Seppi, mas não usarias hoje o teu anel se eu não tivesse primeiro usado a minha aliança.” Ao que Pio X retorquiu, confirmando: “Toda a vocação sacerdotal brota do coração de Deus, mas passa pelo coração de uma mãe!”

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ORAÇÃO DE EXORCISMO DO PAPA LEÃO XIII

ANTES DE INICIAR A ORAÇÃO 1.Todo aquele que recita este exorcismo, pondo em fuga o demônio, pode preservar de grandes desgraças a si mesmo, a família e a sociedade. Privadamente, pode ser rezado por todos os simples fiéis. 2. Aconselha-se rezá-lo em casos de discórdia de família, de partidos, de cidades; nas casas dos ateus, dos blasfemadores, para sua conversão; onde se praticou o ocultismo; para obter uma boa solução nos negócios; para a escolha do próprio estado de vida; pela conservação da fé na família ou paróquia; pela santificação de si mesmo e dos entes queridos. 3. É poderoso nos casos de intempéries, de doenças, para obter uma boa colheita, para destruição dos insetos nocivos aos campos, etc. 4. Satanás é um cão furioso que ronda em volta de nós para nos devorar, como nos escreve Pedro, em sua primeira carta: “Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar” (5,8). 5. O Pa

Maria busca um lar

Maria é a Mãe do Senhor, a Mãe de Deus. Esta é uma verdade de fé. Isabel, diante de Maria já grávida do Filho de Deus, exclamou: Donde me vem que a Mãe do meu Senhor me visite? (Lc 1,43). Ser Mãe do Filho de Deus feito homem para que os homens pudessem ser filhos de Deus, eis a grandeza de Maria! O mistério escondido do amor de Deus tornou-se visível no Filho de Maria. Sem Maria, não teríamos Jesus Cristo, a última palavra do Pai, nem a Redenção operada por Ele. Por Maria, o Pai deu tudo e disse tudo. O Tudo é o Jesus de Maria. Este é meu Filho amado: escutai-o! A vida de Maria foi uma longa caminhada e uma longa experiência de fé. Meditava e conservava no coração o que via e o que ouvia acerca do seu Filho e de si mesma. Maria foi a porta e a casa da primeira morada do Filho de Deus na terra. Em tudo semelhante ao homem, sua chegada foi velada e desapercebida, mas naquele corpo escondia-se o maior mistério de amor. O primeiro passo, em seu caminho de vinda, foi dado com o auxílio

Irmã Dulce será Beatificada.

SALVADOR, quarta-feira, 27 de outubro de 2010 ( ZENIT.org ) – O arcebispo de Salvador (nordeste do Brasil), cardeal Geraldo Majella Agnelo, anunciou na manhã desta quarta-feira que a Irmã Dulce será beatificada em breve. Segundo informa a arquidiocese, o pronunciamento foi feito na sede das Obras Sociais Irmã Dulce, em Salvador. O cardeal informou que até o fim do ano encerra o processo e será conhecida a data da cerimônia de beatificação. De acordo com o arcebispo, uma comissão científica da Santa Sé aprovou esta semana um milagre atribuído à religiosa, fato decisivo no processo de beatificação. Segundo Dom Geraldo, a religiosa é exemplo para os cristãos e a sua história de vida é o que justifica a beatificação e o processo de canonização. “Todo santo é um exemplo de Cristo, como foi o caso dela [Irmã Dulce]; aquela dedicação diuturna durante toda a vida aos pobres e sofredores.” A causa da beatificação da religiosa brasileira foi iniciada em janeiro do ano 2000 pelo pró

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