“O Senhor diz a Pedro: “Eu te digo que és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus… O Senhor edifica a sua Igreja sobre um só, embora conceda igual poder a todos os apóstolos depois de sua ressurreição, dizendo: “Assim como o Pai me enviou, eu os envio. Recebei o Espírito Santo, se perdoardes os pecados de alguém, ser-lhes-ão perdoados, se os retiverdes, ser-lhes-ão retidos. No entanto, para manifestar a unidade, dispõe por sua autoridade a origem desta mesma unidade partindo de um só. Sem dúvida, os demais apóstolos eram, como Pedro, dotados de igual participação na honra e no poder; mas o princípio parte da unidade para que se demonstre ser única a Igreja de Cristo… Julga conservar a fé quem não conserva esta unidade da Igreja? Confia estar na Igreja quem se opõe e resiste à Igreja? Confia estar na Igreja, quem abandona a cátedra de Pedro sobre a qual está fundada a Igreja?” ( Sobre a Unidade da Igreja ).
“Porque é com essa Igreja (de Roma), em razão de sua mais poderosa autoridade de fundação, que deve necessariamente concordar toda igreja, isto é, que devem concordar os fiéis procedentes de qualquer parte, ela, na qual sempre, em benefício dos que procedem de toda parte, se conservou a Tradição que vem dos apóstolos” (Contra as Heresias).
“No interesse da paz e da fé não podemos discutir sobre questões relativas à fé sem o consentimento do Bispo de Roma.”
“Pedro, na verdade, ficou para nós como a pedra sólida sobre a qual se apoia a fé e sobre a qual está edificada a Igreja. Tendo confessado ser Cristo o Filho de Deus vivo, foi-lhe dado ouvir: “Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”(Mt 16,18). Tornou-se enfim Pedro o alicerce firmíssimo e fundamento da Casa de Deus, quando, após negar a Cristo e cair em si, foi buscado pelo Senhor e por ele honrado com as palavras: “apascenta as minhas ovelhas”(Jo 21,15s). Dizendo isto, o Senhor nos estimulou à conversão, e também a que de novo se edificasse solidamente sobre Pedro aquela fé, a de que ninguém perde a vida e a salvação, neste mundo, quando faz penitência sincera e se corrige de seus pecados”. (Haer. 59,c,8).
“Pedro e Paulo, indo para a Itália, vos transmitiram os mesmos ensinamentos e por fim sofreram o martírio simultaneamente” (História Eclesiástica, II 25,8) Observação: A História da Igreja, desde cedo, mostra que os sucessores de S. Pedro em Roma fizeram uso da sua jurisdição. Por exemplo na questão da data da festa da Páscoa, no século II, alguns cristãos da Ásia Menor não queriam seguir o calendário de Roma; o Papa S. Victor (189´199) ameaçou-os de excomunhão (cf. Hist. Ecles. Eusébio V 24, 9´18). Ninguém contestou o Bispo de Roma, o Papa; e parecia claro a todos os bispos que nenhum deles podia estar em comunhão com a Igreja universal (já chamada de católica) sem estar em comunhão com a Igreja de Roma. Isto mostra bem o primado de Pedro desde o início da Cristandade.
Papa Pio XII ´ Encíclica “Mystici Corporis Christi”:
“Há os que se enganam perigosamente, crendo poder se ligar a Cristo, cabeça da igreja, sem aderir fielmente a seu Vigário na terra. Porque suprimindo esse Chefe visível, quebrando os laços luminosos da unidade, eles obscurecem e deformam o Corpo místico do Redentor a ponto de ele não poder ser reconhecido e achado dentro dos homens, procurando o porto da salvação eterna”.
S. Clemente de Roma (†102), Papa (88´97):
“Os apóstolos foram mandados a evangelizar pelo Senhor Jesus Cristo. Jesus Cristo foi enviado por Deus. Assim, Cristo vem de Deus e os apóstolos de Cristo. Essa dupla missão se sucede em boa ordem, por vontade de Deus. Assim, tendo recebido instruções, e estando plenamente convencidos pela ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, e confirmados na fé pela palavra de Deus, saíram os Apóstolos a anunciar, na plenitude do Espírito Santo, a boa nova da aproximação do reino de Deus. Iam pregando por campos e cidades, batizavam os que obedeciam o desígnio de Deus, e iam estabelecendo aos que eram as primícias dentre eles como bispos e diáconos dos futuros fiéis, depois de prová-los no Espírito Santo.
E isto não era novidade, pois desde muito tempo estava escrito de tais bispos e diáconos.” (n.VI) “Renunciemos, portanto, às nossas vãs preocupações e voltemos à gloriosa e veneranda regra de nossa Tradição.” (n.VII) “Para que a missão a eles [apóstolos] confiada fosse continuada após a sua morte, impuseram a seus colaboradores imediatos, como que por testamento, o múnus de completar e confirmar a obra iniciada por eles, recomendando que atendessem a todo o rebanho no qual o Espírito Santo os colocara para apascentar a Igreja de Deus. Constituíram pois, tais varões e em seguida ordenaram que, quando eles morressem, outros homens íntegros assumissem o seu ministério” (Carta aos Coríntios 42,44). “Também os nossos Apóstolos sabiam, por Nosso Senhor Jesus Cristo, que haveria contestações a respeito da dignidade episcopal. Por tal motivo e como tivessem perfeito conhecimento do porvir, estabeleceram os acima mencionados e deram, além disso, instruções no sentido de que, após a morte deles outros homens comprovados lhes sucedessem em seu ministério. Os que assim foram instituídos por eles, ou mais tarde por outros homens iminentes com a aprovação de toda a Igreja, e serviram de modo irrepreensível ao rebanho de Cristo com humildade, pacífica e abnegadamente, recebendo por longo tempo e da parte de todos o testemunho favorável, não é justo em nossa opinião que esses sejam depostos de seu ministério” (Cor 42, 1´3).
Essas palavras de S. Clemente, discípulo de S. Paulo como confirma a tradição, é da maior importância; pois nos mostram que foi desejo expresso dos Apóstolos que acontecesse a sucessão deles. É por isso que após a morte de S. Pedro, a Igreja de Roma elegeu o seu sucessor, S. Lino, depois S. Anacleto, etc.
“… Foi inicialmente na Judéia que [os apóstolos] estabeleceram a fé em Jesus Cristo e fundaram igrejas, partindo em seguida para o mundo inteiro a fim de anunciarem a mesma doutrina e a mesma fé. Em todas as cidades iam fundando igrejas das quais, desde esse momento, as outras receberam o enxerto da fé, semente da doutrina, e ainda recebem cada dia, para serem igrejas.
É por isso mesmo que serão consideradas como apostólicas, na medida em que forem rebentos das igrejas apostólicas. É necessário que tudo se caracterize segundo a sua origem. Assim, essas igrejas, por numerosas e grandes que pareçam, não são outra coisa que a primitiva Igreja apostólica da qual procedem.
São todas primitivas, todas apostólicas e todas uma só. Para atestarem a sua unidade, comunicam´se reciprocamente na paz, trocam entre si o nome de irmãs, prestam´se mutuamente os deveres da hospitalidade: direitos todos esses regulados exclusivamente pela tradição de um mesmo sacramento. A partir daí, eis a prescrição que assinalamos.
Desde o momento em que Jesus Cristo, nosso Senhor, enviou os apóstolos para pregarem, não se podem acolher outros pregadores senão os que Cristo instituiu. Pois ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho tiver revelado. E qual a matéria da pregação, isto é, o que lhes tinha revelado o Cristo? Aqui ainda assinalo esta prescrição: para sabê-lo é preciso ir às igrejas fundadas pessoalmente pelos apóstolos, por eles instruídas tanto de viva voz quanto pelas epístolas depois escritas.
Nestas condições, é claro que toda doutrina em acordo com a dessas igrejas apostólicas, matrizes e fontes originárias da fé, deve ser considerada autêntica, pois contém o que tais igrejas receberam dos apóstolos, os apóstolos de Cristo e Cristo de Deus. Ao contrário, toda doutrina deve ser pré´julgada como proveniente da mentira se se opõe à verdade dos apóstolos, de Cristo e de Deus. Resta, pois, demonstrar que nossa doutrina, cuja regra formulamos acima, procede da tradição dos apóstolos e, por isso mesmo, as demais procedem da mentira. Nós estamos em comunhão com as igrejas apostólicas, se nossa doutrina não difere da sua: eis o sinal da verdade.”(Da Prescrição dos hereges, XIII´XX)
Fonte: Prof. Felipe Aquino – Editora Cléofas
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