Hoje (10) é dia de são João de Ávila, padroeiro do clero espanhol. O bispo de Orihuela-Alicante, Espanha, dom José Ignacio Munilla, destacou seis "pérolas preciosas" sobre o sacerdócio extraídas da mensagem e doutrina deste santo.
No programa "Sexto Continente", transmitido pela Rádio María Espanha, em 9 de maio de 2022, dom Munilla disse que guarda "um pequeno arquivo de pérolas preciosas que encontro em alguma pregação, leitura, exercícios espirituais".
"Vou anotando essas pérolas e levando-as para a oração para que em momentos como este eu possa compartilhá-las com vocês", disse ele.
Munilla acrescentou que “hoje é um bom momento para pedir pelos padres, pedir pelo dom das vocações e da santificação dos que foram chamados” aos sacerdócio.
“Temos que rezar para que haja padres que deem a cara, que estejam dispostos a sofrer na vida pela salvação das almas. E o que você faz? Qual é a sua profissão? Salvar as almas", disse.
Estas são as seis “pérolas preciosas” sobre o sacerdócio segundo dom José Ignacio Munilla:
1. "Você não é um assistente social, você é sacerdote"
Munilla recordou uma frase de são João de Ávila que chamou sua atenção “porque corremos o risco de priorizar a ajuda social em detrimento da ajuda às almas”.
E citou o santo textualmente: "Não se meta a remediar as necessidades corporais, a não ser ordenando em geral como se remedia e, assim, que os seus filhos saibam que não devem ir ter com ele nem esperar dele nenhum favor temporal, porque se não tiver isso em conta, será um grande obstáculo ao caminho que quer percorrer”.
Para Munilla, esta frase que diz para ter cuidado é "curiosa, porque se todos os esforços do padre estão dedicados a remediar as necessidades corporais e você não é um assistente social, você é sacerdote, e o que lhe é específico é a salvação das almas, essa é a sua tarefa”.
“Lembre-se nos Atos dos Apóstolos como alguns diáconos são escolhidos para ajudar as viúvas e os pobres, porque os apóstolos tinham que se dedicar à pregação da Palavra. Escolhem outros para a assistência caritativa, para que os apóstolos se dediquem ao que é importante”., recordou Munilla.
2. "Para salvar almas é preciso sofrer com elas"
“Chama muito a minha atenção que são João de Ávila ligue a salvação das almas às lágrimas do Pastor. Para salvar as almas, é preciso sofrer com elas e por elas”, disse o bispo de Orihuela-Alicante.
O bispo citou o padroeiro dos padres espanhóis: “Os filhos que devemos gerar pela palavra não devem ser tanto filhos de voz, mas filhos de lágrimas. Porque se você chora pelas almas e outro as converte pela pregação, eu não hesitaria em chamar de pai dos assim conquistados aquele que com dores e gemidos de parto o alcançou do Senhor antes daquele que com palavras pomposas e compostas os chamou de fora”.
Dom Munilla disse que “toda conversão é um parto doloroso. Lembre-se das lágrimas de santa Mônica (mãe de santo Agostinho), elas são a chave para a salvação das almas”.
“Você já deve ter ouvido muitas vezes aquela famosa expressão de santo Ambrósio: ‘Mulher, vá em paz. Que Deus não pode se permitir perder um filho de tantas lágrimas'", lembrou.
Munilla voltou a citar são João de Ávila dizendo: “‘Quem assume o ofício de pai aprende a chorar, por causa dos gemidos e do oferecimento da vida, Deus dá filhos aos que são verdadeiros pastores. Não pretenda conseguir conversões se não for por meio de gemidos e oferecendo a sua vida”.
Ele citou outra mensagem do santo aos sacerdotes: “Vossa senhoria aprenda a ser mendigo diante do Senhor e a incomodá-lo muito, apresentando-lhe o seu perigo e o das ovelhas. E se realmente souberes chorar assim e por elas, o Senhor que é misericordioso ressuscitará o seu filho morto porque como Cristo custou sangue, as almas têm que custar ao prelado, lágrimas”.
Com estas mensagens de são João de Ávila, dom Munilla advertiu que quem “não sofre com o afastamento das almas, é porque não ama. Porque se você sofre, você ama".
3. "Não pretenda se dar bem com o mundo"
Ao falar de sua terceira chave para o clero, dom Munilla disse que “nós, sacerdotes, devemos ser homens de Deus e temer o mundanismo como tememos à peste”.
Devemos ter medo de sofrer os critérios deste mundo, de dizer: "Bem, isso é normal, o que podemos fazer, os tempos mudaram! Confundimos o normal com o comum", disse ele.
"O comum não é normal. Temos que assumir que uma coisa é ser encarnado onde Deus nos plantou e outra coisa é se tornar mundano", disse ele.
O bispo espanhol recordou outra mensagem do santo padroeiro do clero espanhol: "Não pretenda se dar bem com o mundo, queiramos bem ou mal ao mundo, ele sempre vai querer o nosso mal”.
Munilla disse que essa "é uma frase muito poderosa: você tenta se dar bem com a mentalidade mundana? Bem, eu lhe asseguro que a mentalidade mundana não o perdoará", disse.
Para aqueles que "se tornaram mundanos para não serem perseguidos", Munilla advertiu: "Vocês se tornaram mundanos e serão perseguidos. Temos que assumir que seremos desonrados por Deus".
4. "Na panela fervente, as moscas não param".
São João de Ávila dizia que "na panela fervente, as moscas não param", disse dom Munilla.
Esta é "uma bela expressão que significa que, se o seu coração estiver em chamas de amor, você verá como as tentações se dissipam facilmente, mas se você não estiver cheio do zelo do amor de Deus, todas as moscas vão parar ali", disse ele,
"Quando a panela não está fervendo, as moscas aparecem. Qual é a pior coisa que pode nos acontecer? A tibieza. É terrível que um pregador derrame água fria nos corações que estão ardentes", disse o bispo de Orihuela-Alicante.
5- “As imperfeições são o vinho bom” do Senhor
Em quinto lugar, dom Munilla disse que "em tudo há uma oportunidade de santificação em nossa vida, até mesmo na falta de saúde, até isso faz parte da providência para sua santificação e para a salvação das almas".
Sobre essa questão, são João de Ávila disse que "as imperfeições são o vinho bom que o Senhor guardava no final para os seus amigos", ao que o bispo acrescentou, dirigindo-se aos padres: "Você, agora, purifique a sua alma com essas imperfeições e ofereça-as para a salvação das almas, porque a única coisa importante é que todo o nosso coração, todo ele, seja para Deus. Que seja uma oferenda perfeita".
"Que não haja nenhum canto do meu coração que eu não tenha aberto para Deus. Que eu me abra totalmente à santificação e à conversão, que não haja uma porta fechada ou um quarto escuro onde eu não permita que Deus entre e faça luz", disse dom Munilla.
"Peço a vocês que orem pelos pastores. Que possamos ter esse dom, esse grande dom de ter pastores conformados ao coração de Cristo", concluiu.
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