Algumas vezes, responde sozinho/a o Salmo e as preces.
Na apresentação das oferendas, diz: vamos apresentar no altar nossas ofertas e nossa vida.
Na Comunhão, sai com essa: chegou o momento mais importante da celebração (como se a missa fosse uma subida), quem tiver preparado entre na fila, quem não tiver faça a comunhão espiritual.
Após a comunhão, fala: Vamos ficar em silêncio e meditar sobre o que acabamos de receber. E por aí vai...
É o
tal ou a tal comentarista da celebração.
Seria esse o papel
deste personagem litúrgico? Não seria o caso até de se chamar animador
da celebração?
Afinal, qual é mesmo a função do(a) comentarista ou
animador litúrgico?
Nos textos oficiais sobre liturgia da Igreja
não é previsto outro animador além do padre e o diácono.
Mas, aos
poucos, principalmente depois da reforma litúrgica, ele torna-se
presente e importante nas celebrações, adquirindo inclusive uma função,
principalmente na missa, qual seja: Criar um clima celebrativo e
introduzir a comunidade no mistério celebrado. Ele/a deve fazer isso com
palavras que brotem do coração e de fato toquem e chamem a atenção da
assembleia. Por exemplo: "Que bom estarmos aqui...". E mais, assim como o
presidente da celebração, ele/a não deve chamar atenção para si, mas
apontar para Jesus Cristo celebrado. Ao longo da celebração haverá
oportunidades para outras intervenções do/a comentarista.
Contudo,
tanto no início quanto nas outras partes da celebração, evite-se ao
máximo a leitura de comentários de folhetos; é importante também lembrar
que fazer o comentário não significa fazer o resumo das leituras. Pois
não é função do comentarista fazer sermões. A homilia cabe a quem
preside!
Este personagem litúrgico presente em todas as
comunidades, às vezes é muito controverso, devido principalmente aos
exageros ou à falta de sentido litúrgico e até mesmo à falta de sentido
de comunicação como muitos se comportam. Deste modo, o que era para
ajudar, acaba atrapalhando.
Não é um pregador, nem um professor,
muito menos locutor de rádio. Não é papel dele fazer sermões, dar
“broncas”, chamar atenção das pessoas. Muito menos, é um militar que dá
ordens.
Portanto nunca deve dizer: “de pé”, “sentados” … como dando
ordens. Mas faça um convite educado: “podemos ficar sentados”, “fiquemos
em pé. A tarefa principal dele é ajudar a comunidade a situar-se no
cerne d mistério celebrado. Por isso, deve estar bem preparado, e não
ser um simples leitor do folheto. Deve estar vestido com sobriedade.
Cabe ao animador (“comentarista”) dar as boas-vindas aos presentes, mas
com naturalidade e não insistindo para que o povo responda, assim: “Não
ouvi! Bom Dia a todos!” Fazer o comentário inicial e convidar o povo
para o início da celebração. Os avisos podem ser feitos pelo mesmo, mas,
preferencialmente, é uma atribuição do coordenador da comunidade.
No
caso específico da Liturgia da Palavra, não é absolutamente necessário
um “comentário”. Poderia muito bem ser dispensado. Mas muitas
comunidades sentem a necessidade de uma pequena “motivação” ou
introdução. Neste caso, é conveniente fazer apenas um comentário para
introduzir a Liturgia da Palavra, com a finalidade de preparar e dispor
os fiéis a ouvirem atentamente as três leituras (1ª leitura, 2ª leitura e
Evangelho). O ideal, como muitas já usam, é favorecer o silêncio para a
escuta ou o canto de um mantra que chame a atenção à Palavra que será
proclamada.
Os Comentários sejam breves. No início da Celebração
se acolhe com alegria a todos os que estão reunidos, dá brevemente o
sentido da Celebração e convida para entoar o canto de Abertura
acolhendo a procissão. (Nunca dizer, vamos receber o nosso Celebrante o
padre... quem celebra é toda a assembleia!). Não é necessário fazer
nenhum comentário de introdução às Leituras nem ao Evangelho. Também não
precisa dizer “vamos ficar de pé para aclamar o Evangelho”: se o grupo
que anima os cantos, quem preside e os ministros ficam de pé, a
comunidade também fica.
No caso de “intenções” por irmãos
falecidos nunca dizer Missa por alma de fulano de tal encomendada ou a
pedido de sicrano. Diz-se a intenção e não quem a pede.
Observemos o que dizem dois documentos litúrgicos:
a)
Sacrosanctum Concilium, 35: “Procure-se também inculcar, por todos os
modos, uma catequese mais diretamente litúrgica, e prevejam-se nas
próprias cerimônias, quando necessário, breves esclarecimentos, feitos
só nos momentos mais oportunos, pelo sacerdote ou ministro competente,
com palavras prescritas ou semelhantes às prescritas”.
b)
Instrução Geral ao Missal Romano, 31: “Da mesma forma cabe ao sacerdote,
no desempenho da função de presidente da assembleia, proferir certas
admoestações previstas no próprio rito. Quando estiver estabelecido
pelas rubricas, o celebrante pode adaptá-las um pouco para que atendam à
compreensão dos participantes; cuide, contudo, o sacerdote de manter
sempre o sentido da exortação proposta no livro litúrgico e a expresse
em poucas palavras. Pode, com brevíssimas palavras, introduzir os fiéis
na missa do dia, após a saudação inicial e antes do rito penitêncial, na
liturgia da palavra, antes das leituras; na Oração eucarística, antes
do Prefácio, nunca, porém, dentro da própria Oração; pode dar os avisos depois do Oremos e, em seguida, o padre dará a bênção final. Seria interessante retomar
tudo o que o Missal Romano prevê para a celebração da Liturgia da
Palavra, com destaque aos momentos de silêncio após cada leitura (cf.
IGMR, 128-134). Aí está claro que os “comentários” não têm a finalidade
de dar informações catequéticas ou moralistas, mas devem ser
mistagógicos, isto é, conduzir a assembleia à plena participação da ação
litúrgica. Devem ser convites de cunho espiritual, sempre discretos,
orantes, a serviço do diálogo entre Deus e seu povo reunido, portanto,
sem interrupção do fluxo do rito. Vale lembrar um dos princípios na ação
litúrgica: “que as nossas palavras na Liturgia não neguem a Palavra,
mas a sirvam”.
Seria igualmente interessante não mais usar a
palavra “comentarista” ou “comentário” em nossos folhetos, visto que não
é este o espírito das monições apresentadas. Muitos usam a palavra
“animador” que, mesmo não sendo a ideal, é a que mais se aproxima da
função litúrgica exercida por esta pessoa.
Vejamos alguns dos principais erros e exageros que encontramos por aí e precisam ser corrigidos:
-
Ocupar a mesa da Palavra (Ambão), para fazer o comentário. O ideal é nem ter
outra "estante", pois o destaque devem ser apenas a mesa da Palavra e o
Altar.
* O Ambão ou Mesa da Palavra, não é um púlpito ou estante. É o símbolo da Palavra de Deus que se encarna no meio de nós : Jesus Cristo.
- Não preparar o que vai dizer, falar de improviso.
- Passar por cima de todo mundo, inclusive do presidente, interrompendo bruscamente a Celebração.
- Chamar atenção mais para si do que para o mistério celebrado.
- Dizer citações bíblicas ou então ficar dizendo: primeira leitura, segunda leitura, evangelho...
- Saudar a assembleia com aclamações devocionais do tipo: "Louvado seja nosso Jesus Cristo..."
- Fazer longos comentários que mais parecem discursos ou sermões.
- Falar baixo ou alto demais.
- Ler biografias de quem quer que seja nas missas, principalmente nas de sétimo dia e etc.
-
Ler só os comentários dos folhetos ou livrinhos de liturgia, mesmo que
seja uma pequena biografia de algum santo. Caso só tenha isto é melhor
não os ler, eles não acrescentarão nada na vida celebrativa da
comunidade.
- Comentar tudo como se fosse um locutor de rádio.
- Responder à missa ou rezar o Pai-Nosso com o microfone. As respostas são próprias do povo.
*Aqui, no caso de ajudar a assembleia a responder, pode fazer a primeira parte e o povo responde ou as respostas podem ser cantadas.
-
Na hora da comunhão, dizer que os que estiverem preparados entrem na
fila, ou então para dizer que os que não estiverem preparados fazer a
comunhão espiritual (comunhão espiritual? Isto não existe em missa).
- Intrometer-se e fazer o que não é da sua função.
-
Dizer: vamos ficar todos de pé para receber o presidente da celebração,
Pe. Fulano de tal. Ao final da monição inicial apenas se diz “Iniciemos
com o canto tal...” A função dessa monição inicial não é acolher quem
preside, muito menos acolher a procissão de entrada.
Então, como deve ser um bom comentarista?
Em
primeiro lugar é bom seguirmos o que já se torna realidade em muitas
comunidades. Substituirmos o/a comentarista pelo/a Animador/a litúrgico,
visto que, como dissemos acima, uma das suas principais tarefas é animar
a liturgia, acolher e sintonizar com a celebração.
Neste sentido, como deve agir?
Vejamos
alguns toques que são preciosos para uma boa atuação como animador/a
litúrgico numa celebração de missa ou da Palavra nas comunidades:
-
Preparar bem o que vai dizer: estar atento/a à liturgia do dia, aos
fatos que acontecem ao redor da comunidade e mesmo na comunidade, etc.
- Produzir textos técnicos, objetivos e acolhedores;
- Chegar meia hora antes;
-
Fazer o “comentário” ou a Introdução de forma comunicativa e simpática.
Lembrando que ele é o primeiro contato oficial que a assembleia terá
com a celebração.
- Saber ler é fundamental, assim como ter conhecimento panorâmico de tudo o que vai acontecer na celebração.
Daí,
vemos as características essenciais de um/a bom (boa) comentarista ou
animador/a litúrgico: Ser discreto/a, objetivo/a, sereno/a e
acolhedor/a.
Nas celebrações que são rotineiras o comentarista
não precisa ficar se intrometendo toda hora, nem mesmo nas celebrações
mais solenes. Nestas, recomenda-se apenas que se explique os ritos que
não são costumeiros para a comunidade. Na liturgia o símbolo fala por si
só, sem necessidade que seja explicado a todo momento.
* Cabe a equipe de liturgia, preparar bem antecipadamente, o Animador Litúrgico para que tudo flua perfeitamente.
Caso seja o
mesmo a dar os avisos no final da missa, é fundamental que ele/a esteja
por dentro da vida da comunidade paroquial, para evitar falar coisas que
não vão acontecer.
Fonte: Vida Celebrada
https://m.facebook.com/VidaCelebrada/photos/a.182229212140311/1366489350380952/?type=3&source=57
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