A palavra jejum não é bem aceita em nossa realidade tão
ligada ao bem-estar e ao conforto. Essa palavra nos traz a lembrança de
sofrimento e muitas vezes nos é apresentada como privação inútil de
doces, bebidas alcoólicas, refrigerantes, chocolates, alimentos
saborosos...
DO PONTO de vista da natureza, o jejum é um contrassenso, pois parece ser a negação de meios de sobrevivência ao
corpo. Somente do ponto de vista religioso e das convicções pessoais, o
jejum é uma renúncia a um bem importante em prol de uma transformação
espiritual. Está presente em todas as religiões como forma de
purificação e de solidariedade. Simplesmente privar-se de comer ou beber
sem uma atitude interior de conversão, de nada vale.
OS SANTOS insistem em dizer que aquilo que você não
comeu, praticando o jejum, não pertence mais a você, mas aos pobres.
Essa dimensão solidária refere-se, não somente a comidas e bebidas, mas a
todos os bens. Há tantas coisas que podemos repartir! Abrir o
guarda-roupa e distribuir o que está sem ser usado, pode representar um
significativo desapego.
O PAPA Francisco indica outros tipos de jejum: Jejum
do descontentamento: encher-se de gratidão. Jejum da raiva: encher-se
de mansidão e paciência. Jejum do pessimismo: encher-se de esperança e
otimismo. Jejum de preocupações: encher-se de confiança em Deus. Jejum
de queixas: encher-se com coisas simples da vida. Jejum de tensões:
encher-se de orações. Jejum de amargura e tristeza: encher o coração de
alegria. Jejum de egoísmo: encher-se de solidariedade pelos outros.
Jejum de falta de perdão: encher-se de reconciliação. Jejum de palavras:
encher-se de silêncio para ouvir os outros.
JESUS nos ensina que o jejum deve ser a expressão da
conversão e da caridade e não apenas uma prática hipócrita que não
transforma nossa vida, mas nos enche de vaidade e presunção, como
ocorria com muitos fariseus. O jejum torna-se fonte de alegria quando a
finalidade é nobre. O jejum bíblico encontra a sua razão na profunda
necessidade de partilha e de conversão. A alegria sempre surge quando
sabemos nos privar de algo, por amor e com amor, para vermos o outro
feliz.
Dom Itamar Vian
fonte: http://www.fecatolica.com.br/coluna.php?id=1594
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