João XXIII convocou o Concílio para que a doutrina cristã fosse guardada e ensinada de forma mais eficaz.
O Concílio Ecumênico Vaticano II é
considerado um dos maiores acontecimentos da Igreja no Século XX.
Constitui também um dos maiores feitos do pontificado de Angelo Giuseppe
Roncalli, o Papa João XXIII, e trouxe grandes renovações para a Igreja
Católica.
O Concílio é a assembleia de todos os
bispos do mundo ou de uma representação dos bispos do mundo inteiro que,
em comunhão com o Papa, procura esclarecer questões de fé, de moral ou
da vida prática da Igreja.
“Os concílios são momentos fortes e
importantíssimos para a vida de toda a comunidade dos discípulos de
Cristo”, explica o bispo auxiliar de Aracaju, Dom Henrique Soares, em
sua página pessoal na internet.
João XXIII anunciou o Vaticano II em 25
de janeiro de 1959, três meses após sua eleição como Papa. O anúncio se
deu na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, quando se encerrava a
Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. A convocação oficial ocorreu
em 25 de dezembro de 1961, com a publicação da Constituição Apostólica Humanae Salutis .
Já a a abertura do Concílio aconteceu no dia 11 de outubro de 1962, na Basílica de São Pedro, em Roma. Durante o discurso oficial de abertura , João XXIII expressou sua intenção ao convocar o Concílio Vaticano II.
“O que mais importa ao Concílio Ecumênico
é o seguinte: que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e
ensinado de forma mais eficaz. Essa doutrina abarca o homem inteiro,
composto de alma e corpo, e a nós, peregrinos nesta terra, manda-nos
tender para a pátria celeste”, disse João XXIII.
Os preparativos para o Vaticano II
Como explicou o próprio João XXIII nesse discurso de abertura, a
convocação do Concílio Vaticano II foi “uma irradiação de luz
sobrenatural, uma grande suavidade nos olhos e no coração. Ao mesmo
tempo, um fervor, um grande fervor que se despertou, de repente, em todo
o mundo, na expectativa da celebração do Concílio”.
A preparação do evento foi trabalhosa,
conforme considerou João XXIII. Durou cerca de três anos. Nesse período,
foram criadas comissões para assuntos específicos, entre eles o da
liturgia.
Estas comissões enviaram questionários às
sedes episcopais de todo o mundo para levantar os principais temas a
serem discutidos durante o encontro. A ideia era indagar profundamente
as condições modernas da fé e da prática religiosa, de modo especial da
vitalidade cristã e católica.
A partir destes questionamentos, a Igreja
conseguiria, conforme queria o Papa, que os homens, as famílias e os
povos voltassem realmente a alma para as coisas celestiais. Uma tarefa
que, segundo explicação do bispo emérito de Blumenau, Dom Angélico
Sândalo Bernardino, foi muito exigente.
“Tivemos enormes dificuldades na
preparação, na realização do concílio e no pós-concílio, dentro da
Igreja. Algumas chagas ainda sangram em consequência das mudanças, que
muitas pessoas, bem intencionadas, não compreenderam, agarradas que
estavam a certas tradições com “t” minúsculo, a certos costumes. Não
conseguiram abraçar a voz do Espírito que gritava para a Igreja naquele
momento tão importante da história”.
Concílios Ecumênicos
Ao todo, foram realizados vinte e um
concílios ecumênicos em toda a história da Igreja. Este último, o
Vaticano II, visava, segundo João XXIII, guardar o depósito sagrado da
doutrina cristã e ensiná-lo de forma mais eficaz ao mundo moderno.
De acordo com Dom Henrique, a palavra
“ecumênico”, no âmbito do Vaticano II, não significa uma reunião com
outras religiões. Neste caso, trata-se de afirmar que o concílio vale
para toda a Igreja; isso para distinguir dos concílios regionais ou
nacionais, com bispos só de uma região ou de um país.
“Os concílios ecumênicos têm, pois,
autoridade sobre toda a Igreja de Cristo, pois aí está reunido o Colégio
dos Bispos juntamente com o Papa, como o Colégio dos Apóstolos
juntamente com Pedro. A fé nos ensina que os participantes de um
concílio gozam de especial assistência do Espírito Santo: ‘Pareceu bem
ao Espírito Santo e a nós [...]’ (At 15,28)”, escreve Dom Henrique. (Saiba mais )
João XXIII não acompanhou o transcorrer
nem a conclusão daquele que é considerado um dos maiores eventos
católicos até hoje. Ele morreu na noite do dia 3 de junho de 1963.
Em 21 de junho do mesmo ano, foi eleito
Sumo Pontífice o Cardeal Giovanni Battista Montini, o Papa Paulo VI. Foi
ele quem deu continuidade ao Concílio e o concluiu em 8 de dezembro de
1965.
Na cerimônia de conclusão do Concílio Ecumênico Vaticano II, o Papa Paulo VI leu a Carta Apostólica In Spiritu Sancto
que encerrava o evento. “Mandamos também e ordenamos que tudo quanto
foi estabelecido conciliarmente seja observado santa e religiosamente
por todos os fiéis, para glória de Deus, honra da santa mãe Igreja,
tranquilidade e paz de todos os homens”, afirma um trecho da carta.
Da Redação Canção Nova
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