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A Mentira e a Psicologia


A mentira é uma afirmação expressa por alguém que acredita na sua falsidade, visando enganar as pessoas ou ver como elas reagem. A pessoa que, constantemente, ilude os outros com suas mentiras, é considerado um mentiroso. Este potencial humano foi percebido pelos especialistas, em suas observações, desde os primórdios da humanidade.

A psicologia evolucionária – que acredita na melhor compreensão da mente humana do ponto de vista da evolução – aborda a forma como o ser humano representa mentalmente a reação do outro às suas afirmações falsas, para constatar se sua mentira será ou não passível de crença. A radicalização desta atitude se relaciona intimamente à inteligência maquiavélica, que se manifesta inicialmente por volta dos quatro anos de idade, fase na qual a criança já mente convincentemente.

Desde a infância os pequenos intuem, sem saber explicar como se processa este mecanismo, que mentir muitas vezes evita que eles sejam punidos por um ato cometido. Nesta etapa, a necessidade de narrar uma inverdade se mistura à riqueza imaginativa e fantasiosa das crianças, e assim, em alguns momentos, elas inventam histórias as mais mirabolantes, pois não entraram ainda em contato com a ideia de verossimilhança. Elas também estão, neste nível, desprovidas do senso moral, único caminho que lhes possibilitaria evitar a mentira. Assim, percebe-se a importância da educação familiar para legar valores que sirvam de referência aos filhos no futuro, de balizas para suas ações.

Quando a criança se torna adulta e continua a mentir frequentemente, os psicólogos afirmam que ela ainda se encontra na fase da infância psicológica. Os adultos, porém, modificam o teor de suas mentiras, compreendem os mecanismos que subjazem nela e têm interesses muitas vezes escusos para defender. Suas mentiras são muitas vezes mais sérias e elaboradas, às vezes podendo provocar graves consequências.

A mentira, porém, por si só, mesmo sendo constante, não define um diagnóstico psíquico. Os psiquiatras têm grande dificuldade em detectar mentiras patológicas e na distinção destas e das fisiológicas, sem falar nas institucionais – as narradas por políticos e instituições, mentirosos contumazes, pretensamente aceitas pela sociedade. No seu aspecto ético, muitos consideram a inverdade mais como o propósito de iludir o outro, do que de distorcer uma verdade. Do ponto de vista judicial, ela é associada ao objetivo de lesar alguém.
 
Por mais que pareça incoerente, alguém que crê no que afirma, mesmo que sua proposição seja falsa, não está contando uma mentira. As obras ficcionais também não podem ser consideradas mentirosas, pois pertencem à esfera da arte. Há vários tipos de mentiras, desde as convenções sociais cotidianas, até as compassivas, passando pelas omissões, aquilo que deliberadamente não é mencionado em um diálogo. Neste sentido, em um momento ou outro todos mentem. A intenção, portanto, é o que define a mentira em seu sentido estrito.

E há, com certeza, as mentiras patológicas, características de personalidades duvidosas e de neuroses relacionadas a farsantes e charlatães, como a Síndrome de Münchhausen e a de Ganser. Estes pacientes são mentirosos habituais, portadores de uma mente repleta de conflitos e complexos, que simulam personagens como se fossem atores em um palco. Quando, em determinado momento, eles não conseguem mais deter este processo, a figura dramática por eles criada pode transcender seu ‘eu’ e invadir a personalidade, gerando um ego irreal.
 
Os dementes, por exemplo, podem descrever aos outros um universo totalmente modificado, no qual ele realmente crê, sem o objetivo de iludir ninguém. Assim ocorre também com os esquizofrênicos, os delirantes no estágio crônico ou com os depressivos que se encontram no estado próximo ao dos psicóticos.

Tudo isso transforma a mentira, infelizmente, em algo trivial, comum no dia-a-dia – foi inclusive instituída uma data própria para celebrar a mentira, dia 1 de abril -, processo que contribui para a derrocada de valores que marca nossos dias, levando as pessoas a adotarem cada vez mais as famosas ‘personas sociais’, nossas máscaras perante a sociedade.

Por Ana Lucia Santana

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