Reflitamos: se alguém colocar na porta de seu escritório ou de sua residência uma placa indicativa com seu nome e – sem o ser – acrescentar “médico”, “advogado”, “professor” ou outra profissão, você pode ser processado por falsidade profissional. Igualmente com o termo “bispo”. Daí a necessidade de se ter noção exata do que seja o uso correto do termo.
No início da pregação evangélica, os apóstolos de Cristo escolheram colaboradores que, após a sua morte, lhes sucedessem no governo das comunidades nascentes e na pregação da mensagem cristã. Inicialmente eram chamados de “sucessores dos apóstolos”, como nos informa Clemente Romano, no ano 96 da Era Cristã, na bela e conhecida “Carta à Igreja de Corinto”.
A missão desses sucessores era responsabilizar-se pelas comunidades que se formaram ao redor dos apóstolos, supervisionando a sua vida evangélica. Daí o verbo “episkopein” (supervisionar) do qual vem o substantivo “epískopos”: o que zela como guarda e protetor, por supervisionar o rebanho. Em latim “epíscopus” e, em português “bispo”, isto é: o que tem a nobre missão, – como autêntico sucessor dos apóstolos –, de se responsabilizar pela comunidade dos fiéis.
Hoje, quem escolhe e nomeia o bispo é o sucessor de São Pedro, o Papa. O eleito recebe a plenitude do sacramento da Ordem pela “keirotonia”, isto é: imposição das mãos de três outros bispos e pela unção e oração consecratória. Há, pois, uma corrente genealógica ascendente, que chega até um dos Doze Apóstolos, do qual o bispo atual é verdadeiro sucessor.
Não fica, por essa razão, difícil entender que essa função de suceder a um dos Doze Apóstolos, função de superintender o rebanho de Cristo – “episkopein” – não pode ser usurpada. O despreparo teológico (ou ousadia) chega até a usar o termo no feminino!
A autoridade do bispo, sucessor dos apóstolos, vem da palavra de Jesus aos Doze: “Todo poder me foi dado no céu e na terra. Ide pois: batizai e ensinai que observem o que lhes ensinei” (Mateus 28,19ss).
Triste saber que o termo que designa o poder espiritual de zelar pela Igreja, transmitido por Jesus Cristo aos Doze Apóstolos e, posteriormente aos sucessores, seja usurpado e vulgarizado, como vem acontecendo de algum tempo para cá. Esta explicação teológica da palavra “bispo” e sua função nos mostram que seu uso atual, para designar qualquer líder religioso, não é apropriado e correto.
Fonte: CNBB
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