Os escritos que mais tarde foram designados por “evangelhos apócrifos” não eram considerados de inspiração divina, como por exemplo, o “Proto-evangelho” de Tiago.
Outro exemplo é o “Evangelho da Infância” de Tomé. Este livro contém histórias de maravilhas supostamente operadas por Jesus enquanto jovem. No entanto, muitas dessas histórias são tão fantásticas que são impróprias de Jesus (numa, uma criança morre após Jesus a ter repreendido por ter acidentalmente chocado com Ele), sendo este “evangelho” rejeitado como sendo um relato muito pouco rigoroso da infância de Jesus.
Estes escritos, a maioria dos quais chegaram até aos nossos dias em fragmentos, têm sido conhecidos e estudados desde os primeiros tempos do Cristianismo. Entre 1945 e 1947, uma biblioteca de pretensos textos Cristãos foi descoberta no Egito, tendo chamado a atenção dos estudiosos. Quase todos estes textos eram desconhecidos até esta descoberta. Alguns desses são agora conhecidos por “evangelhos Gnósticos”. (Estes escritos não devem ser confundidos com os “Pergaminhos do Mar Morto”, textos pertencentes à seita judaica dos Essênios e que foram descobertos na mesma altura.)
Embora estes “evangelhos” aparentem semelhanças com os ensinamentos cristãos, eles também refletem as crenças do Gnosticismo, um movimento religioso que deriva o seu nome da palavra grega “gnosis”, ou “conhecimento”. O conceito-chave da filosofia religiosa do Gnosticismo era a crença num “conhecimento” qualificado acima do conhecimento intelectual ou prático, transmitido por meios iniciáticos e somente ao alcance de uma elite intelectual e espiritual. Pensava-se inicialmente que o Gnosticismo era uma heresia Cristã. Os estudiosos consideram agora como sendo um movimento religioso autônomo, tendo várias fontes inspiradoras no ambiente religioso efervescente que se vivia na época. Algumas das suas ramificações absorveram elementos da fé Cristã que eram interpretados de forma muito livre. Como resultado, os primeiros dirigentes da Igreja opuseram-se a estes Gnósticos “Cristãos”.
Em geral, os “evangelhos Gnósticos” contêm coleções de provérbios. Não são nada semelhantes aos Evangelhos do Novo Testamento na medida em que pouca ou nenhuma narrativa existe sobre a vida de Jesus ou acerca da sua Paixão, morte e Ressurreição. Enquanto que alguns dos provérbios ou dizeres possam ser semelhantes àqueles que se encontram no Novo Testamento e são antigos na sua origem, a maioria dos investigadores concordam que a grande maioria destes “evangelhos” foram escritos bastante mais tarde do que os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João e poderão mesmo depender de um ou mais de um deles. Alguns destes documentos poderão ter sido feitos com o intuito de desafiar a autoridade dos escritos do Novo Testamento.
Apesar de algumas semelhanças, estes textos não podem ser vistos como “alternativos” nem como “suplementares” aos evangelhos Cristãos. Eles são escritos nos quais as pessoas Cristãs e suas crenças são filtradas através das lentes de uma filosofia religiosa que difere, em muitos pontos importantes, do Cristianismo do Novo Testamento.
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