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Paz na Terra aos de boa vontade



Concílio Vaticano II
Viver o Concilio, é amar a Igreja como um todo, a Igreja que continua o seu caminho entre os povos.



Com tantos eventos comemorativos, inclusive o Concílio Ecumênico Vaticano II convocado pelo Papa João XXIII, passou despercebido o cinquentenário da Encíclica “Pacis in terris” do mesmo autor, com data de 11 de abril de 1963. Foi muito bem aceita juntamente com a “Mater et Magistra”, ambas enriquecendo o que se convencionou chamar de Doutrina Social da Igreja.

No século 20, devido às duas grandes guerras mundiais e às ideologias do conflito ou da revolução como meio para alcançar a justiça ou a nova ordem social, o tema da paz esteve presente em todos os ensinamentos dos Papas. Ficaram célebres e eram esperadas as alocuções radiofônicas do Papa Pio XII. 

Incomodavam os nazistas, que as interceptavam no território alemão e da ocupação. Ainda causava efeito na Europa, recentemente reconstruída. É o que fez João XXIII: “Nada se perde com a paz, mas com a guerra tudo pode destruir” (Alocução de Pio XII, em 24 de agosto de 1939).

Quando João XXIII escreveu sobre o tema da paz, vivia-se a realidade da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, geopolítica que dividia o mundo e o mantinha no equilíbrio de forças. Na realidade, criou-se uma ordem internacional feita de espionagem, de corrida armamentista e espacial, de propaganda ardilosa e enganosa. Nada disso impediria as guerras localizadas em ambos os blocos de influência e os desrespeitos à autodeterminação de várias nações. Antes, favorecia interferências. Ao medo do comunismo ateu e invasor, propagava-se o da guerra nuclear entre as duas potências que exterminaria o gênero humano.

João XXIII se apoiara no pensamento de seu antecessor e o cita, fazendo seu o empenho de impedir a guerra: “a todo custo se deverá evitar que pela terceira vez desabe sobre a humanidade a desgraça de uma guerra mundial, com suas intensas catástrofes econômicas e sociais e com as suas muitas depravações e perturbações morais” (Alocução de Pio XII no Natal de 1941).

Mudadas as circunstâncias ideológicas e geopolíticas, desde a queda do muro de Berlim, fica da Encíclica o valor da dimensão ética, cujos princípios servem à reflexão e às políticas pela paz, em meio aos conflitos deste novo século, e diante da guerra com armas químicas na Síria.

A Encíclica “Pacem in terris” tratou de todos os direitos humanos, inclusive do direito à propriedade privada, com sua função social até o de reunião e de associação. Afirmou os deveres relacionados aos direitos. Deu-nos boas indicações para se criar o amplo clima facilitador de relações harmônicas entre as nações. Ao invés do confronto, a proposta foi de colaboração, movida por uma solidariedade dinâmica: “norteadas pela verdade e pela justiça, desenvolvem-se as relações internacionais em uma dinâmica solidariedade, através de mil formas de colaboração econômica, social, política, cultural, sanitária, desportiva...”.

Propôs o desarmamento: “se uma comunidade política produz armas atômicas, dá motivo a que outras nações se empenhem em preparar semelhantes armas, com igual poder destrutivo”. De fato, outras nações entraram na lista dos fabricantes de armas atômicas; mas potências diminuíram (?!) seu arsenal e cresceu o uso da energia nuclear para fins pacíficos.

Pelo que escreveu e disse e especialmente da maneira que fez acontecer seu pontificado, foi chamado de “Papa Bom”. Reler suas encíclicas é respirar o bom ar eclesial dos anos dourados.

Dom Edson de Castro Homem
Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro

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